A vida continua e é maravilhosa
Ana abriu o diário. Sentada na pedra da praia de Itacoatiara, puxou a caneta que prendia seu cabelo e escreveu:
Observo a página em branco. Momentos de plenitude são assim. Tudo e nada. Uma página limpa, com possibilidades ilimitadas.
Ainda tento entender o sentido de alguns encontros nesse complexo universo, repleto de emoções e sensações irracionais.
Não estou a fim de escrever. Quero paz! Mas, a urgência é maior.
Acordo e ouço todos os dias o Cd do Zeca Baleiro enquanto tomo banho. Minha rotina continua a mesma, apesar de algumas ausências. Sinto saudades, realmente sinto, mas ultrapasso a dor. Tento lidar com a dúvida sobre o que representei na sua vida. É cruel o pensamento de que posso ter sido apenas uma brisa, mas nunca saberei ao certo. Talvez meu crescimento esteja justamente em sentir a ambigüidade. É contraditório o que ouvi de sua boca e a energia que experimentei do seu olhar. Porém, a incidência da voz retratando a vontade limitada é verídica demais para que possa suspeitar.
Um salva-vidas se aproxima, devo parecer desprotegida, ele diz: “é a melhor coisa para refrescar a cabeça”. Sorrio, internamente agradeço. A palavra refrescar surtiu efeito imediato. Preferi não responder. Estou com medo das palavras. Elas têm força própria e dificilmente retratam o que sentimos. Algumas ferem, despidas de intenções.
Sinto o vento. Ele me embala com uma intimidade natural. Sei como me consolar. A natureza segura minhas mãos. Absorvo a beleza do momento: montanhas, praia, enigmas na linha do horizonte, sua imagem. Uma lágrima expressa minha emoção. É o suficiente.
Sobrevivo a perdas inevitáveis e a encontros mágicos inesperados. Sei que sentir falta é sentir presença, despeço-me aos poucos, tento permanecer com os ganhos e dizer adeus ao apego.
Tenho a mim e, curiosamente, isso me basta. Sigo meu caminho. A estrada é repleta de curvas. Descobri que não importa o resultado, ser feliz durante a jornada é a grande sacada.
***
Ana fechou seu diário ao meio-dia de uma terça-feira de abril. Com as sandálias na mão, caminhou até o carro. Desceu a barra da calça jeans, voltou ao escritório.
Em frente à tela em branco do computador, sem perceber, deu início ao seu novo romance. Olhou pela janela e sorriu, foi arrebatada pelo projeto.
Assim, de repente, como prenúncio de novos rumos, novos ventos.
Observo a página em branco. Momentos de plenitude são assim. Tudo e nada. Uma página limpa, com possibilidades ilimitadas.
Ainda tento entender o sentido de alguns encontros nesse complexo universo, repleto de emoções e sensações irracionais.
Não estou a fim de escrever. Quero paz! Mas, a urgência é maior.
Acordo e ouço todos os dias o Cd do Zeca Baleiro enquanto tomo banho. Minha rotina continua a mesma, apesar de algumas ausências. Sinto saudades, realmente sinto, mas ultrapasso a dor. Tento lidar com a dúvida sobre o que representei na sua vida. É cruel o pensamento de que posso ter sido apenas uma brisa, mas nunca saberei ao certo. Talvez meu crescimento esteja justamente em sentir a ambigüidade. É contraditório o que ouvi de sua boca e a energia que experimentei do seu olhar. Porém, a incidência da voz retratando a vontade limitada é verídica demais para que possa suspeitar.
Um salva-vidas se aproxima, devo parecer desprotegida, ele diz: “é a melhor coisa para refrescar a cabeça”. Sorrio, internamente agradeço. A palavra refrescar surtiu efeito imediato. Preferi não responder. Estou com medo das palavras. Elas têm força própria e dificilmente retratam o que sentimos. Algumas ferem, despidas de intenções.
Sinto o vento. Ele me embala com uma intimidade natural. Sei como me consolar. A natureza segura minhas mãos. Absorvo a beleza do momento: montanhas, praia, enigmas na linha do horizonte, sua imagem. Uma lágrima expressa minha emoção. É o suficiente.
Sobrevivo a perdas inevitáveis e a encontros mágicos inesperados. Sei que sentir falta é sentir presença, despeço-me aos poucos, tento permanecer com os ganhos e dizer adeus ao apego.
Tenho a mim e, curiosamente, isso me basta. Sigo meu caminho. A estrada é repleta de curvas. Descobri que não importa o resultado, ser feliz durante a jornada é a grande sacada.
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Ana fechou seu diário ao meio-dia de uma terça-feira de abril. Com as sandálias na mão, caminhou até o carro. Desceu a barra da calça jeans, voltou ao escritório.
Em frente à tela em branco do computador, sem perceber, deu início ao seu novo romance. Olhou pela janela e sorriu, foi arrebatada pelo projeto.
Assim, de repente, como prenúncio de novos rumos, novos ventos.