Elo Primitivo

domingo, maio 02, 2004

Casa da Flor

Ontem fui à Casa da flor. Ouvi o sonho do Gabriel contado pelas palavras de seu sobrinho, o Valdeci. Eu me senti dentro de um conto de fadas naquela beleza de quatro cômodos. Fiquei arrepiada! Emocionada! Encantada! É uma experiência que guardarei, para sempre.

Há dois meses escrevi o texto abaixo no blog antigo:
Chapéu de palha, negro, mãos cinzentas, voz calma e um olhar que fica difícil desviar. Esse foi o primeiro contato que tive – vídeo – com Gabriel Joaquim dos Santos numa exposição. Para completar, cantos gregorianos ao fundo.
Uma casa em forma de poema, ou um poema calcificado de vida? A casa da flor, construída unicamente por Gabriel Joaquim dos Santos e localizada em São Pedro D’ Aldeia, é uma obra-prima que rompe a linha de exclusão estética social. A arquitetura do brasileiro, funcionário de salina, é comparável às grandes: tais como o Palácio Ideal de Ferdinand Cheval, as de Gaudí, Jujol, a casa de Clarence Schimidt, Raimond Isidore, as torres Watts de Simon Rhodia etc.
Uma arquitetura de encantamento! Quem quiser saber um pouco mais sobre esse grande mestre - que deixaria Dali ou Breton extasiados - pode visitar o site. Prefiro registrar algumas frases que anotei:

“ Isso tudo foi feito por pensamento e sonho”.
“É caco, é caco, mas isso é coisa de muita importância...”
“Eu não tive mestre, aprendi no ar, aprendi no vento”.
“ Minha vontade foi tão grande quanto essa rocha”.
“ Uma pessoa vem com um azulejo, eu boto. Vem com um caramujo, eu boto. Não vai terminar nunca... meu pensamento é vivo...flor de pedaço de pedra porque eu quero que fique aí. Quero fazer que não se desmanche. A chuva bate, lava, é sempre uma sempre-viva.”
“A ferramenta é as minhas mãos e um alicate...Isso foi um sonho.”
Gabriel Joaquim dos Santos