FLIP
"Começa a contagem regressiva para a segunda edição da Festa Literária Internacional de Parati (Flip). Faltam apenas quatro dias para a cidade histórica renascer como a Cidade das Letras. Do nova-iorquino Paul Auster aos ingleses Ian McEwan e Martin Amis, sem esquecer dos medalhões e da nova safra da literatura brasileira, um total de 34 autores vão participar da festa, entre quarta-feira e domingo. Se, no ano passado, com 9 escritores a menos, pouquíssimo patrocínio e problemas de organização típicos de um novo evento, a Flip já foi um sucesso, que dirá agora. A expectativa é grande.
- Devido à variedade dos autores que vão participar da Festa, acredito que esta edição vai ser cheia de surpresas. É impossível prever o que pode acontecer. Uma festa literária não é como o teatro, em que se ensaia antes. Na verdade, é a mistura de autores e até de imprevistos que enriquece o evento - explica a editora inglesa Liz Calder, idealizadora da Flip. Primeira editora de J.K. Rowling e de outros autores importantes, como Salman Rushdie, Liz usou seus contatos internacionais para trazer um time de estrelas para Paraty.
- Este ano, os autores estrangeiros aceitaram o convite mais rápido, porque muitos já tinham ouvido falar da Flip. Normalmente, quando um escritor está no meio da produção de um livro, ele não topa participar das feiras. Mas, fora isso, eles têm sempre boa vontade - diz a editora, que passa boa parte do ano em Paraty, numa casa de frente para o mar.
Disposta a deixar seus compromissos londrinos cada vez mais de lado, e se instalar de vez nos trópicos, Liz teve a idéia de criar um festival internacional, nos moldes do que fez a fama da pequena cidade bretã de Hay-on-Wye, para aproximar suas duas paixões: Paraty e a literatura.
- É um encontro para dar oportunidade aos autores de falar com seus leitores e vice-versa. É importante porque a vida dos escritores é muito solitária. Além disso, é muito bom para a literatura do país. No festival de Toronto, por exemplo, alguns escritores estrangeiros, quando voltaram a seus países, começaram a divulgar a literatura canadense. A Flip é uma forma de disseminar a literatura brasileira.
Interessada neste filão, a Biblioteca Nacional patrocinou, entre outras coisas, a vinda de agentes literários estrangeiros e a tradução de capítulos dos livros dos autores brasileiros convidados. Mas o apoio institucional acabou gerando mal-estar entre os organizadores da Bienal do Livro do Rio de Janeiro, que reclamam da falta de verbas públicas para o evento.
- O argumento contra o apoio à Flip é de que o governo não deveria patrocinar eventos para 10 mil pessoas, considerados de elite. Mas a coisa é um pouco mais complicada. Se for assim, um espetáculo de balé, que atinge digamos 2 mil pessoas, não pode receber patrocínio público. Isso praticamente acaba com o balé. Patrocínio público é bom só para o que é grande, que atinge muita gente? Então é melhor patrocinar um filme da Xuxa do que outro de inegável valor cultural? Faço essas perguntas como provocação. É justo que alguns achem que é melhor um filme da Xuxa receber incentivo. Onde há dinheiro público deve haver discussão, isso é natural. É assim que se descobre as máfias do sangue da vida. Mas no caso de Paraty, acho que a discussão foi no trilho errado. São apenas R$ 300 mil de R$ 2 milhões. É um evento essencialmente privado - explica Flávio Pinheiro, diretor artístico da Flip.
Outro problema enfrentado pelos organizadores foi a desistência, na última hora, do escritor João Ulbaldo Ribeiro. Ubaldo se retirou da Flip revoltado porque a imprensa só falava dos autores estrangeiros.
- Acho que polêmicas sempre vão surgir em eventos deste porte, faz parte do jogo. É o tipo de coisa que não está alterando a relação do público com os escritores, que é o mais importante. Ubaldo teve, ao meu ver, uma incompreensão nesta história: é natural que o público e a imprensa tenham atenção inicial dedicada aos estrangeiros, porque é novidade. Mas isso não altera o apreço do leitor pelo escritor brasileiro. Duas das três mesas que estão completamente esgotadas (inclusive na tenda do telão, de 800 lugares) são de brasileiros: a de humor e a dos clássicoss (justamente a que tinha João Ulbaldo, substituído por Verissimo). A de conto e a de poesia (também só de brasileiros) também estão esgotadas - diz Flávio.
Para ele, a festa é uma grande chance de o autor nacional se projetar no exterior. Algo que não deve ser desperdiçado:
- Hoje Paraty está inscrita no cenário literário internacional. Não se costuma dar atenção para essa questão da tradução, mas é algo fundamental. Boa parte dos livros estrangeiros que estão na Flip foram traduzidos com verba dos países de origem dos respectivos autores. O Brasil tem que divulgar sua literatura, isso é fundamental. No ano passado, um editor americano, da Grove, veio para a Flip. Por causa disso, já assinou contrato para lançar três livros brasileiros nos EUA. É preciso estimular a promoção da nossa literatura fora, não há nada de errado com isso."
Fonte: PublishNews
- Devido à variedade dos autores que vão participar da Festa, acredito que esta edição vai ser cheia de surpresas. É impossível prever o que pode acontecer. Uma festa literária não é como o teatro, em que se ensaia antes. Na verdade, é a mistura de autores e até de imprevistos que enriquece o evento - explica a editora inglesa Liz Calder, idealizadora da Flip. Primeira editora de J.K. Rowling e de outros autores importantes, como Salman Rushdie, Liz usou seus contatos internacionais para trazer um time de estrelas para Paraty.
- Este ano, os autores estrangeiros aceitaram o convite mais rápido, porque muitos já tinham ouvido falar da Flip. Normalmente, quando um escritor está no meio da produção de um livro, ele não topa participar das feiras. Mas, fora isso, eles têm sempre boa vontade - diz a editora, que passa boa parte do ano em Paraty, numa casa de frente para o mar.
Disposta a deixar seus compromissos londrinos cada vez mais de lado, e se instalar de vez nos trópicos, Liz teve a idéia de criar um festival internacional, nos moldes do que fez a fama da pequena cidade bretã de Hay-on-Wye, para aproximar suas duas paixões: Paraty e a literatura.
- É um encontro para dar oportunidade aos autores de falar com seus leitores e vice-versa. É importante porque a vida dos escritores é muito solitária. Além disso, é muito bom para a literatura do país. No festival de Toronto, por exemplo, alguns escritores estrangeiros, quando voltaram a seus países, começaram a divulgar a literatura canadense. A Flip é uma forma de disseminar a literatura brasileira.
Interessada neste filão, a Biblioteca Nacional patrocinou, entre outras coisas, a vinda de agentes literários estrangeiros e a tradução de capítulos dos livros dos autores brasileiros convidados. Mas o apoio institucional acabou gerando mal-estar entre os organizadores da Bienal do Livro do Rio de Janeiro, que reclamam da falta de verbas públicas para o evento.
- O argumento contra o apoio à Flip é de que o governo não deveria patrocinar eventos para 10 mil pessoas, considerados de elite. Mas a coisa é um pouco mais complicada. Se for assim, um espetáculo de balé, que atinge digamos 2 mil pessoas, não pode receber patrocínio público. Isso praticamente acaba com o balé. Patrocínio público é bom só para o que é grande, que atinge muita gente? Então é melhor patrocinar um filme da Xuxa do que outro de inegável valor cultural? Faço essas perguntas como provocação. É justo que alguns achem que é melhor um filme da Xuxa receber incentivo. Onde há dinheiro público deve haver discussão, isso é natural. É assim que se descobre as máfias do sangue da vida. Mas no caso de Paraty, acho que a discussão foi no trilho errado. São apenas R$ 300 mil de R$ 2 milhões. É um evento essencialmente privado - explica Flávio Pinheiro, diretor artístico da Flip.
Outro problema enfrentado pelos organizadores foi a desistência, na última hora, do escritor João Ulbaldo Ribeiro. Ubaldo se retirou da Flip revoltado porque a imprensa só falava dos autores estrangeiros.
- Acho que polêmicas sempre vão surgir em eventos deste porte, faz parte do jogo. É o tipo de coisa que não está alterando a relação do público com os escritores, que é o mais importante. Ubaldo teve, ao meu ver, uma incompreensão nesta história: é natural que o público e a imprensa tenham atenção inicial dedicada aos estrangeiros, porque é novidade. Mas isso não altera o apreço do leitor pelo escritor brasileiro. Duas das três mesas que estão completamente esgotadas (inclusive na tenda do telão, de 800 lugares) são de brasileiros: a de humor e a dos clássicoss (justamente a que tinha João Ulbaldo, substituído por Verissimo). A de conto e a de poesia (também só de brasileiros) também estão esgotadas - diz Flávio.
Para ele, a festa é uma grande chance de o autor nacional se projetar no exterior. Algo que não deve ser desperdiçado:
- Hoje Paraty está inscrita no cenário literário internacional. Não se costuma dar atenção para essa questão da tradução, mas é algo fundamental. Boa parte dos livros estrangeiros que estão na Flip foram traduzidos com verba dos países de origem dos respectivos autores. O Brasil tem que divulgar sua literatura, isso é fundamental. No ano passado, um editor americano, da Grove, veio para a Flip. Por causa disso, já assinou contrato para lançar três livros brasileiros nos EUA. É preciso estimular a promoção da nossa literatura fora, não há nada de errado com isso."
Fonte: PublishNews
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