Elo Primitivo

quinta-feira, outubro 21, 2004

Arthur Rimbaud


"França celebra os 150 anos do poeta Arthur Rimbaud CHARLEVILLE-MEZIERES, França, 20 out (AFP) - A França comemora nesta quarta-feira os 150 anos de nascimento de um dos seus mais famosos poetas, Arthur Rimbaud, autor de "Uma Temporada no Inferno", inaugurando em sua cidade natal, Charleville-Meziers (leste), a Maison Rimbaud.Charleville-Mezieres, onde o poeta nasceu em 20 de outubro de 1854, uniu-se nesta celebração à cidade etíope de Harar, onde Rimbaud passou seus últimos anos de vida antes de ser repatriado, já muito doente, a Marselha, onde morreu de câncer em 1891, aos 37 anos."Há 30 anos dizíamos que era necessário fazer alguma coisa comum entre Charleville e Harar. Hoje assentamos as bases", disse a prefeita da cidade, Claudine Ledoux, ao anunciar a assinatura de um acordo de cooperação cultural com a Etiópia.Nas primeiras horas da manhã, a delegação etíope visitou a casa às margens do rio Meuse, onde o escritor passou a adolescência, seu período mais fértil na carreira literária.Ali Arthur Rimbaud viveu entre os 15 e os 21 anos, fugindo muitas vezes, mas sempre voltando para casa."É exatamente o período da escrita, a época dos sonhos, seu tempo mais fértil", reitera Alain Tourneux, curador do museu.Toda a obra daquele que é considerado um dos mais deslumbrantes poetas franceses foi escrita neste período da sua vida.Depois, sua pena silenciaria para sempre, preferindo as viagens e aventuras: Inglaterra e Bélgica primeiro, depois Indonésia, Alemanha, Dinamarca, Egito, Chipre e Etiópia, onde se dedicou ao comércio e ao tráfico de armas.Para recriar a efervecência poética que dominou Rimbaud durante a adolescência, a cidade de Charleville-Mezieres, que comprou a casa andar por andar entre 1998 e 2002, decidiu criar diferentes ambientes ao invés da clássica decoração dos museus."Rejeitamos deliberadamente toda cenografia baseada no concreto, Não queríamos exibir os móveis da mãe do poeta, nem a escrivaninha ou a cama de Rimbaud. Queríamos mostrar o que podia lhe passar pela cabeça", disse Tourneux.Desta forma, a casa só é ocupada por imagens e sons. Nove artistas, entre compositores, escritores, pintores e cineastas, trabalharam vários meses para recriar a atmosfera de Marselha, Bruxelas, África...Nas janelas de cada quarto, grandes placas de vidro colorido imprimem um ambiente especial. No chão, uma serigrafia do mapa da cidade. Nas paredes, vários alto-falantes reproduzem ruídos, músicas, gravações de poemas."São camadas sonoras: ouve-se a voz de (o escritor e amante Paul Verlaine) ou da mãe do poeta. É uma verdadeira experiência sensorial", diz Tourneux.Para a celebração, foram programados também outras exposições, colóquios, conferências e peças de teatro em toda a França."
Por Katell Abiven