Elo Primitivo

domingo, outubro 17, 2004

Domingo no parque


Depois de um sábado intenso com Sándor Márai, o domingo tinha que ser leve, ao ar livre, por favor. Fui ao Museu da República, efervescência cultural por todos os lados: teatro nos jardins, roda de samba com repertório de Cartola, Noel Rosa, Paulinho da Viola etc _ ótimo livro é “Heranças do Samba” ed. Casa da Palavra. Almoço no Bistrô, reflexão na exposição sobre Getúlio Vargas _curadoria bem executada, com efeitos especiais sonoros e sensoriais, compartilhando com os expectadores a angústia dele antes de entrar no quarto em que ocorreu o suicídio. Fiquei lá, olhando os espelhos dos armários, a cama, o lustre de cristal, a mobília, reconstituindo inutilmente pensamentos que ninguém jamais conhecerá.
Por fim, comprei ingresso, despretensiosamente, para “Reconstrução de um Amor - Reconstruction”, sueco, direção de Christoffer Boe. Filmaço! Poesia pura! belíssima fotografia, intenso até os ossos, mas valeu a pena. Ganhou a Câmara de Ouro em Cannes 2003. Cada vez mais essa frase se reforça em mim: A vida não é Hollywood, é Cannes nua e crua.
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"É um filme, é uma montagem, mesmo assim dói."
"Se ele duvidar, se hesitar por um minuto, ela desaparecerá."