Águas de Março
Na semana passada, cantamos esta música em coro - a pós-graduação em literatura- no meio de uma apresentação, de improviso, era a força da canção se impondo. Guiados pela leitura de "Abrindo Caminhos", Ana Maria Machado.
Hoje, lendo “Três canções de Tom Jobim” (Cosac e Naify) a canção volta a mim, agora não se trata mais de acaso, fui ao encontro dela. Arthur Nestrovski rege palavras com maestria, usando a linguagem clara de quem escreve para crianças e o ritmo de quem sente a música - ele também é músico. Uma bela parceria entre canção e escrita!
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Último dia. Amigo-oculto, despedidas. Término, continuidade. Encerramento sob a magia de Lobato. Monografia à vista! Tema escolhido. Orientadora em suspense. Mais uma etapa, menos uma etapa. Tudo de novo e completamente diferente se repete, renova, transforma... arte em letras, notas, canções, pincéis, satélites, carne humana e o que mais vier.
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Eis a obra-prima, desdobrada em musa:
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É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol
É peroba no campo, é o nó da madeira
Caingá candeia, é o matita-pereira
É madeira de vento, tombo da ribanceira
É o mistério profundo, é o queira ou não queira
É o vento ventando, é o fim da ladeira
É a viga, é o vão, festa da cumeeira
É a chuva chovendo, é conversa ribeira
Das águas de março, é o fim da canseira
É o pé, é o chão, é a marcha estradeira
Passarinho na mao, pedra de atiradeira
É uma ave no céu, é uma ave no chão
É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão
É o fundo do poço, é o fim do caminho
No rosto um desgosto, é um pouco sozinho
É um estepe, é um prego, é uma conta, é um conto
É um pingo pingando, é uma conta, é um ponto
É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando
É a luz da manha, é o tijolo chegando
É a lenha, é o dia, é o fim da picada
É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada
É o projeto da casa, é o corpo na cama
É o carro enguicado, é a lama, é a lama
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um resto de mato na luz da manhã
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração
É uma cobra, é um pau, é João, é José
É um espinho na mão, é um corte no pé
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração
É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
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