Elo Primitivo

quinta-feira, dezembro 16, 2004

Riscos, linguagens, sonhos

Citações - livros que estou lendo - sem escolha prévia, sem intenções, apenas movida pela revolução, ou melhor, ebulição química da linguagem. Percorri milhares de páginas, de palavras lidas, ouvidas, faladas, dei voltas e voltas e retornei ao ponto de origem. A única certeza é a de movimento constante, mesmo em inércia absoluta.
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"O risco só tem sentido quando o corro por uma razão valiosa, um ideal, um sonho mais além do risco mesmo."
(Paulo Freire, À sombra desta mangueira, 2000, p.57)
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"Impossível existir sem sonhos."
(Paulo Freire, Pedagogia dos sonhos possíveis.")
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..."Fui afastado da Universidade e tive que ir embora do Brasil. Passei dezesseis anos longe daqui, não podia nem sonhar em voltar. Mas a linguagem não pára, é isso, a linguagem não pára, há um processo constante de mudança. A linguagem vai ficando mais rica. A essa coisa chamam língua, que no fundo, é linguagem, fala..."
(Paulo Freire, Pedagogia do sonhos possíveis, p.107)
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"O prazer do texto é esse momento em que meu corpo vai seguir suas próprias idéias - pois meu corpo não tem as mesmas idéias que eu."
(Roland Barthes, O prazer do texto, p.24)
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"Sobre o prazer do texto, nenhuma "tese" é possível, apenas uma inspeção (uma introspecção) que acaba depressa. Eppure si gaude! E, no entanto, para com e contra todos, eu fruo do texto.
(Roland Barthes, O prazer do texto, p.42)
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"Eu me interesso pela linguagem porque ela me fere ou me seduz."
(Roland Barthes, O prazer do texto, p.47)
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"As gotas de água de uma catarata estrepitosa se dissipam como pó com a rapidez de um raio; mas o arco-íris, do qual elas são como que o suporte, está fixo em tranquilidade inabalável, completamente intacto a essa mudança ininterrupta; do mesmo modo, cada idéia, isto é, cada espécie de ser vivente, persiste por completo intocada pela sucessão contínua dos indivíduos que ela encerra. A idéia, ou a espécie, é a raiz, o lugar onde se manifesta a vontade da vida: é o único elemento cuja duração importa verdadeiramente à vontade."
(Arthur Schopenhauer, Da Morte, p.45)