À tarde
Fotografava quando um ponto branco apareceu na lente da câmera. Foi ver o que era. Desembrulhou a bola irregular de papel com letras escritas a lápis bicolor:
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Tudo
é você
nas 4 bolas de sorvete de flocos
no ópio do quarto nos olhos
é você na memória da pele
na revolta do corpo se vingando
destruindo para se livrar de sua hierarquia
é você se repetindo em cada toque
guitarra letra cor
é você se impondo
construindo alheio ao impossível
sonho de mãos dadas no Campo
é a melodia que se aninha e procria
é você em todas as viagens na minha bagagem
é você-Sol você-norte
é a vontade que sempre renova
é o descontrole físico-químico mostrando
perigo potencial
é você me dizendo não com suas
escolhas
sou eu pedindo para me deixar partir
sou eu pedindo para não me deixar ir
sou eu consciente da loucura
amassando este papel e
jogando ao vento
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Olhou em volta, não viu ninguém por perto. Uma carta de amor, nem mais, nem menos ridícula que qualquer outra. Jogou para o alto, ficou presa nos galhos da árvore. Foi embora, pensando, pensando, pensando no vento.
Olhou em volta, não viu ninguém por perto. Uma carta de amor, nem mais, nem menos ridícula que qualquer outra. Jogou para o alto, ficou presa nos galhos da árvore. Foi embora, pensando, pensando, pensando no vento.
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