Aí, mas onde, como.
Não depende da vontade.
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É ele subitamente: agora ou ontem, amanhã, não há nenhuma indicação prévia, ele está ou não está; nem posso dizer que vem, não existe chegada nem partida; ele é como um simples presente que se manifesta ou não neste presente sujo, cheio de ecos de passado e obrigações de futuro.
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O abismo entre o que ainda continua aqui mas vai se entregando cada vez mais aos gumes nítidos das coisas deste lado, ao corte das palavras que continuo escrevendo e que já não são aquilo que continua aí, mas onde, como... escrevendo ao menos luto contra o inatingível, passo os dedos das palavras pelos vãos desta trama finíssima que ainda me atava ao banheiro, à torradeira, ao primeiro cigarro, que ainda está aí, mas onde, como; repetir, reiterar, fórmulas de encantamento...
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Octaedro, Julio Cortazar: Civilização Brasileira
1 Comments:
meu conto preferido
By Anônimo, at quinta-feira, novembro 01, 2007 8:04:00 PM
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