Despoesia
"cada um de nós - escreveu Fernando Pessoa - tem, talvez, muito que dizer, mas desse muito há pouco que se diga. A posteridade quer que sejamos breves e precisos." não há razão para pressa.
tecnicamente o livro vai do dátilo ao dígito (com a letraset reinando entre eles.) poeticamente ele vive o conflito mal resolvido entre o falar e o calar. por isso, mais do que "false stars" ele tem "false ends". cada poema é como se fosse o último e ressoa, inevitalmente, o fracassucesso desse conflito. é que nós, poetas, contradizendo o filósofo, insistimos em querer falar ali onde a razão lógica incitaria a calar ante a impossibilidade do dizer. falha perdoável, que a própria fábrica humana acabará por sanar no tácito pós-tudo, indiferentemente à "doce idiotia" que nos faz tão loquazes.
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pós-soneto (1990/1991)
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.
quand
oeu
sabia
fazer
.
poesia
ningu
emme
dizia
.
agoraq
ueeu
cansei
.
dizemq
ueeu
sei
.
..
Despoesia, Augusto de Campos: Perspectiva
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