Escritores se organizam por política pública de fomento
Folha de S. Paulo - 30/5/2005 - por Julián Fuks
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O primeiro cenário foi um salão de festas abafado, do prédio de Marcelino Freire. Abafado por causa do tempo, não por falta de espaço. Eram apenas quatro os escritores participantes: o anfitrião pernambucano, Ademir Assunção, Joca Reiners Terron e Claudio Daniel. De lá, a citação a Ezra Pound: "Uma nação que negligencia as percepções de seus artistas entra em declínio. Depois de um certo tempo ela cessa de agir e apenas sobrevive". Estavam definidas as bases para o Movimento Literatura Urgente e redigido o manifesto "Temos Fome de Literatura", que reivindica a definição de políticas públicas para o fomento ao trabalho de poetas, prosadores e ensaístas, "principais artífices da criação literária". Assinado por 181 autores, entre eles Milton Hatoum, Moacyr Scliar e Raimundo Carrero, foi encaminhado para o Coordenador do Programa Nacional do Livro, Leitura e Bibliotecas, Galeno Amorim. A idéia é permitir uma profissionalização mais fácil dos escritores, uma vez que a grande maioria, no Brasil, tem de exercer outras funções além da escrita para sobreviver. "Da forma como os atuais programas governamentais estão sendo levados, compreendem apenas o produto, e não o processo criativo. É como se fizessem uma política de incentivo ao cinema beneficiando apenas os produtores dos filmes", explica Ademir Assunção. Como principal reivindicação, pedem que o Fundo Nacional do Livro, Leitura e Bibliotecas, que está sendo estudado pelo Ministério da Cultura, passe a incluir a palavra "literatura" e destine 30% de seu orçamento para a criação literária, por meio de bolsas, concursos e eventos.
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