Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres
..........Muito antes de vir a nova estação já havia o prenúncio: inesperadamente uma tepidez de vento, as primeiras doçuras de ar. Impossível! Impossível que essa doçura de ar não traga outras! diz o coração se quebrando.
..........Impossível, diz em eco a mornidão ainda tão mormente e fresca da primavera. Impossível que esse ar não traga o amor do mundo! Repete o coração que parte sua secura crestada num sorriso. E nem sequer reconhece que já o trouxe, que aquilo é um amor. Esse primeiro calor ainda fresco trazia: tudo. Apenas isso, e indiviso: tudo.
..........E tudo era muito para um coração de repente enfraquecido que só suportava o menos, só podia querer o pouco aos poucos. Sentia hoje, e também mormente, uma espécie de lembrança ainda vindoura do dia de hoje. E dizer que nunca, nunca dera isso que estava sentindo a ninguém e a nada.
Dera a si mesma?
..........Impossível, diz em eco a mornidão ainda tão mormente e fresca da primavera. Impossível que esse ar não traga o amor do mundo! Repete o coração que parte sua secura crestada num sorriso. E nem sequer reconhece que já o trouxe, que aquilo é um amor. Esse primeiro calor ainda fresco trazia: tudo. Apenas isso, e indiviso: tudo.
..........E tudo era muito para um coração de repente enfraquecido que só suportava o menos, só podia querer o pouco aos poucos. Sentia hoje, e também mormente, uma espécie de lembrança ainda vindoura do dia de hoje. E dizer que nunca, nunca dera isso que estava sentindo a ninguém e a nada.
Dera a si mesma?
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C
Clarice Linspector, pg. 127
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