Elo Primitivo

sexta-feira, agosto 26, 2005

O doutor paraibano e o índio paraense

PublishNews - 26/8/2005 - por Carlo Carrenho, de Passo Fundo
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A quarta noite da 11ª Jornada Nacional de Literatura foi dedicada a Ariano Suassuna. O dramaturgo e escritor recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Passo Fundo, que organiza o evento, e teve a oportunidade de proferir mais uma de suas teatrais aulas-espetáculo. A entrega do título foi feita no próprio Palco de Debates, sob a lona do Circo da Cultura. Ariano vestiu a toga e o chapéu, respeitando o cerimonial, mas na hora de falar preferiu fazê-lo com a cabeça descoberta. "De chapéu, eu fico meio esquisito", declarou. Suassuna divertiu o público com histórias engraçadas e seu jeito bem humorado de conta-las. Começou explicando seu jeito de se vestir e lembrando que já fora barrado muitas vezes, inclusive na porta da Academia Brasileira de Letras, na única vez que a visitou depois que tomou posse. Aliás, o escritor também contou que seu fardão não foi feito pelo alfaiate oficial da Academia, mas sim por sua costureira, Edite Guilhermina de Lima, providenciada por sua esposa Zélia. Suassuna ainda aproveitou a palavra para lembrar que a arte e a cultura brasileira já existiam muito antes da colonização ibérica, e que o legado indígena é muito mais do que uma mera herança arqueológica. Neste momento, lembrou-se que havia visto durante um dos eventos da Jornada o escritor de origem indígena Daniel Munduruku. O autor paraense foi imediatamente localizado pela platéia. "Eu quero te dar um abraço", disse Suassuna, já se levantando. O autor do belíssimo Você se lembra, Pai? caminhou então até o palco onde ganhou um abraço efusivo e carinhoso do autor de Auto da Compadecida. Logo depois, ao final de sua fala, Suassuna explicou que como sua palestra era uma aula-espetáculo, ele a dedicaria a alguém, como se faz no teatro. E, assim, dedicou sua aula-espetáculo a Daniel Munduruku.
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