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terça-feira, setembro 20, 2005

Venda de livro cai ao nível de 1991

Folha de S. Paulo - 17/9/2005 - por Antônio Gois
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Formar leitores no Brasil é tarefa difícil. Prova disso é que o mercado editorial de livros não-didáticos teve em 2004 um desempenho em vendas igual ao verificado em 1991. Segundo a Câmara Brasileira do Livro e o Sindicato Nacional dos Editores de Livros, foram vendidos no ano passado 289 milhões de livros, ou 1 milhão a menos do que o montante negociado no início da década passada. Os números de 2004 até representam um avanço em relação aos do ano anterior, mas isso não é lá grande coisa, já que em 2003 o mercado viveu seu pior ano desde 1992. Esse pífio desempenho do mercado editorial ocorreu no mesmo período em que, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), houve aumento na renda média do trabalhador brasileiro. Ela, apesar de ter oscilado após atingir seu pico em 1996 e ter voltado a cair desde então, cresceu 16,3% no período 1992 a 2003, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio. Os indicadores de escolaridade da população, em tese, também deveriam beneficiar o setor. Para Marino Lobello, vice-presidente de Comunicação da CBL, o aumento da renda e da escolaridade pouco influem no mercado por causa de uma questão cultural. "É verdade que esse é um país de renda média baixa, mas, mesmo que a renda aumente, o livro não faz parte da cesta básica cultural do brasileiro. É por isso que o mercado fica estabilizado num patamar. Ele cresce um pouquinho, cai depois, mas continuam sendo apenas 26 milhões de brasileiros que lêem quatro livros por ano e ponto final", afirma ele. O gasto médio das famílias brasileiras com livros, jornais ou revistas também é muito baixo se comparado com outros produtos que poderiam ser considerados supérfluos. A Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE, realizada em 2003, mostra que, na divisão dos gastos em praticamente todas as classes sociais, esses artigos ficam atrás das despesas médias com cigarro, perfume ou cabeleireiro e manicure.