Elo Primitivo

terça-feira, outubro 04, 2005

25 anos da Biblioteca Estadual Infantil Anísio Teixeira


Esta história começou a 25 anos atrás com a Marilena(foto) , uma das duas idealizadoras do projeto de fundar uma biblioteca infantil em Niterói. Ela era a diretora no tempo em que eu passava tardes inteiras por lá. O homenageado foi o grande educador Anísio Teixeira. Bebel Teixeira, filha dele, que esteve presente na inauguração e hoje nas bodas de prata, falou bonito sobre o contexto político atual, que se os ensinamentos de seu pai fossem postos em prática pelos nossos governantes não estaríamos vivendo o caos social, econômico e educacional em que estamos ancorados.
.
Regina, atual diretora, foi uma das minhas contadoras de história favoritas, junto com Rose, Zenilde e, claro, minha mãe. Pois é, tive a sorte de ser umas das primeiras leitoras dessa biblioteca, uma casa branca de janelas azuis, dentro do campo de São Bento em Niterói. Tive a sorte de vivenciar as estruturas internas _ chegada de livros, catalogação, fichas, estantes, caminhos preparatórios para se alcançar o leitor_ como filha de uma das bibliotecárias. Eu me lembro de algumas vezes correr na frente da minha mãe pelo Campo com a chave na mão e girá-la na maçaneta, abrindo portas, acendendo luzes, iluminando os corredores do saber.
Descobri Ligia Bojunga Nunes e sua bolsa amarela deitada nas almofadas coloridas da sala de leitura, suspendi a respiração em Corda Bamba. Monteiro Lobato e Emília habitavam meu cotidiano com pós de pirlimimpim por toda a parte. Nas férias, então, era uma festa, colônia de férias, teatro, lanche com sonho da padaria da esquina, histórias inventadas, lidas, escritas, recordadas, compartilhadas.
.
Regina me ligou na semana passada, convidando a participar da mesa sobre a importância da leitura na infância. Foi um prazer estar ao lado de pessoas importantíssimas na minha formação. Ri com minha ficha, aos 9 anos, número 82, exposta no mural. Todos os dias depois do Abel meu destino era a biblioteca, de lá ia a pé para casa de mãos dadas com um livro numa mão e minha mãe na outra.
Achei na estante de casa o livro que recebi como prêmio por ter sido a leitora mais assídua em 1981: É conversando que as coisas se entendem, de Orígenes Lessa. Li meu conto Legado, fiz uma dedicatória e fiquei emocionada por saber que pensamentos meus agora moram lá, na minha biblioteca, para sempre junto com os mestres.
.
Mas o mais saboroso disso tudo, foi ver meus pequenos leitores, meus filhotes sendo entrevistados pela repórter do Fluminense, encantada com a concentração dos caras nos livros, na mesma sala de leitura onde, há 25 anos atrás eu descobria minhas primeiras viagens.
Senti falta dos tapetes coloridos, das almofadas, mas o encantamento, a áurea que nos puxa pelas mãos convidando, instigando o leitor a tatear os livros continua intacta, impenetrável, misteriosamente nos levando a lugares encantados de nós mesmos.
.
Parabéns a BEIAT _ Anisinho, para os íntimos _ pelos primeiros 25 anos de vida!