Elo Primitivo

quinta-feira, outubro 06, 2005

Improbidade Literária

IstoÉ - 5/10/2005 - por Francisco Alves Filho
A gestão de Pedro Corrêa do Lago na presidência da Biblioteca Nacional não pára de render surpresas. À frente de um acervo de dez milhões de peças e orçamento de R$ 30 milhões anuais, ele já foi acusado de várias barbeiragens. Funcionários da biblioteca responsabilizam seu presidente pela má conservação das obras e pelo relaxamento na segurança. Em julho, quando as câmeras de vídeo estavam quebradas, foram roubadas 150 imagens do Brasil do século XIX. Um dos imbróglios mais comprometedores é a revista Nossa História, lançada em novembro de 2003, em associação com a Administradora e Editora Vera Cruz Ltda. Na capa, lia-se que era "uma publicação editada pela Biblioteca Nacional", mas nenhuma licitação foi feita para legalizar a parceria. Só agora, no entanto, compreende-se seu real objetivo: no dia 29 de outubro de 2002, o Instituto Nacional de Propriedade Industrial recebeu um pedido de registro da marca Nossa História em nome da Livraria Corrêa do Lago Ltda., editora que pertence ao presidente da BN. Auditores do Tribunal de Contas da União concluíram que a BN fez contratações indevidas, a pretexto de terceirização pela Fundação Miguel de Cervantes. A fundação, que deveria apoiar a biblioteca, foi beneficiada com transferências ilegais de recursos, muitas vezes superiores a R$ 50 mil mensais. Foram constatadas também irregularidades no uso dos recursos da Lei Rouanet por parte da Editora Capivara, que também pertence a Corrêa do Lago, em sociedade com sua mulher. Para os funcionários, o estado de conservação é lastimável. Enquanto Corrêa do Lago gasta dinheiro (cerca de R$ 100 mil) para transformar em gabinete o corredor do quinto andar e reformar os banheiros, faltam recursos para cuidar do acervo. Através de sua assessoria de imprensa, Istoé tentou contato com Corrêa do Lago em Paris. A assessoria repassou a resposta da "diretoria da Fundação Biblioteca Nacional", pela qual a instituição não pediu registro de marca em seu nome e não pode responder por terceiros. O terceiro, nesse caso, é Corrêa do Lago. Informa também "que o local onde estão armazenados os periódicos foi reformado recentemente, não há goteiras e atualmente está sendo feita uma revisão nas calhas dos telhados". As imagens publicadas nesta reportagem mostram o contrário.

1 Comments:

  • Não sou tecnocrata ou corporativista, mas não aceito certas indicações para alguns cargos; aliás elas são reveladoras do descaso que este governo tem, verdadeiro desprezo, pela cultura.
    Afinal o que poderíamos esperar de um apedeuta?
    Manoel Carlos

    By Anonymous Anônimo, at sexta-feira, outubro 07, 2005 6:23:00 AM  

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