Elo Primitivo

domingo, março 30, 2008

Foto: Sabine Marins


"Pois que toda a literatura é uma longa carta a um interlocutor invisível, presente, possível ou futura paixão que liquidamos, alimentamos ou procuramos. E já foi dito que não interessa tanto o objecto, apenas pretexo, mas antes a paixão; e eu acrescento que não interessa tanto a paixão, apenas pretexto, mas antes o seu exercício."

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Novas cartas portuguesas (Barreno, Horta e Da Costa).

quarta-feira, março 26, 2008

Foto: Sabine


"Escrever é uma forma de rastrear minha fome, e a fome nada mais é do que um vazio." Pg. 503.

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"É estranho o jeito como a vida funciona, o jeito como ela muda e dá voltas, o jeito como uma coisa se transforma em outra." Pg. 505.

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"Toda história real tem vários finais possíveis". Pg. 505.

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Do livro que deixou saudades: O QUE EU AMAVA, Siri Hustvedt, ed. Companhia das Letras.

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terça-feira, março 04, 2008

Foto: Sabine Marins
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"O Rio de Janeiro continua lindo...
O Rio de Janeiro, fevereiro e março..."

segunda-feira, março 03, 2008

Faz tempo que não escrevo... hoje brotaram frases

Mont Blanc- Foto: Sabine Marins
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Esqueceram de desligar a bomba da casa ao lado, a água escorreu a noite inteira. Acordei de manhã e o barulho insistente ainda jorrava no telhado cinza. Tomei um chá e fui até lá. Interfonei. Avisei. Não foi a primeira vez. A voz me agradeceu do outro lado. Fui caminhar pensando em quantas pessoas deixariam de tomar banho no futuro por essa displicência da vizinha. Na verdade, nem sei por que me dei ao trabalho. A conta d’água vai às alturas, mas isso não tem a menor importância, nada disso tem importância neste exato momento, mas tive urgência em resolver.
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Caminho no calçadão, tantas coisas escorrendo em mim. Precisei avisar: feche a torneira, está transbordando, o barulho não me deixa dormir. Ai, que vontade de enfiar a cabeça embaixo daquele cano e deixar molhar, molhar, molhar sem parar, só cabeça; o corpo não. O cabelo flutuando na poça d’água, refrescando.
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O sol quente me faz jorrar gotas_ de suor. Acelero o passo, não quero que o senhor de 60 me ultrapasse, mas as panturrilhas doem; entrego os pontos e me ofereço ao deleite de passos lentos. Em casa, vou à janela pra espiar a água escorrendo. Nada. Nem barulho, nem fonte jorrando _ paz. Tiro a roupa preta no banheiro, sentindo uma falta inexplicável da água. Secou. Providenciaram o conserto, desligaram a bomba, sei lá. Sumiram com a água de lá. Água que destrancou as torneiras de cá, que agora, nesse exato momento começam a me jorrar.
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