quinta-feira, março 26, 2009
quarta-feira, março 18, 2009
Encontros.!.
.............Sempre que viajo, levo alguns livros _ companheiros de jornada. Sempre que o meio de transporte é aéreo, reservo um espaço na bolsa de mão para um novo amigo. Adoro entrar na livraria do aeroporto e ver a quantidade de revistas e livros de fotografias nas estantes! Adoro chegar mais cedo e ter tempo de sobra para olhar, folhear, tatear, cheirar, sentir novidades e clássicos literários. Sempre escolho um, o eleito daquela viagem. E nessa escolha aleatória, vou de peito aberto, deixo que ele _o livro_ me seduza. É delicioso, quando volto de viagem e meses, ou anos, após pego o livro na estante e dou aquele sorriso de cumplicidade _ tantas lembranças...
.............Na viagem a Fernando de Noronha fiquei instigada por "A tecelã de sonhos" na livraria do segundo andar, mas como queria uma revista sobre mergulho, que só tinha na livraria do terceiro andar, deixei para comprar os dois juntos e pagar no cartão. Quando cheguei lá, a pequena livraria só tinha a revista. Comprei, lanchei e quase na hora do check in uma frase da segunda página do livro continuou ressoando na mente. Pedi ao meu marido para esperar cinco minutos, corri à livraria do segundo andar, a grande, e comprei o livro. E me deu uma alegria... sabe quando a gente encontra na bolsa alguma coisa importante que pensou ter esquecido? Claro que quando voltei, encontrei meu marido rindo, sobre o meu vício literário.
.............Em Noronha, comecei a ler "A tecelã de sonhos", mas as maravilhas de Noronha eram tantas e tão intensas que a alma já estava transbordando de belezas. Senti que teria que deixar para a volta. Dito e feito. Comecei a ler de verdade em Niterói, com o livro cheio de grãos de areia caindo sobre a blusa. Se o Ibama descobre, posso ser presa por crime ambiental, e não há fiança que me tire da prisão. Sim, o Ibama funciona perfeitamente em Noronha, não podemos tirar nada da natureza lá. Nem precisa, viajar para Noronha é uma experiência que tatua nos cinco sentidos sol, vento, onda, liberdade, mergulho, respeito pela vida - animal e humana, deslumbramento e algo mais, muito mais. Noronha é um Brasil que (quase) todo brasileiro sonha. Noronha é um Brasil sem assalto, sem desconfiança nos outros - só porque o outro é outro que você não conhece. É um Brasil em que um acredita na palavra do outro, sem precisar mostrar documentos. Noronha é arrumar a mochila todo dia de manhã com máscara, snorkel, nadadeira, protetor solar, água e, claro, um livro.
.............Livro que se misturava com gotas da água salgada e grãos de areia soltos na mochila. Livro que acabei de ler e ainda estou abraçada a ele numa emoção tão forte que nem consigo descrever. Livro que embaralhou e desembaralhou lembranças de infância, de ontem, de viagens, adolescência, escolhas, perdas, presenças. Livro que me fez ter vontade de voltar a escrever...
.............Livro que se chama "A tecelã de sonhos" de Angela Dutra de Menezes.
.............Eu não conhecia a autora, nem tinha recebido indicação, foi encontrado ao acaso. E posso dizer que foi o encontro. O meu encontro literário! Fiquei impressionada com a escrita da Angela - a intimidade é culpa da personagem Berenice, que se tornou um pouco-muito minha também - com os fluxos de pensamento, com o trabalho de linguagem e, especialmente, com a capacidade de entrega e paixão. Faz tempo, muito tempo que não lia um Livro assim, com L maiúsculo. Faz tempo, muito tempo que um livro não me afeta tanto assim. Faz tempo que um lugar não me deslumbra tanto assim. E também faz tempo que não recomendo nada por aqui, então lá vai:
.
AVENTURE-SE, leia "A tecelã de sonhos" !!!
.
O melhor livro que li nos últimos tempos...
.
AVENTURE-SE, vá a Noronha !!!
.
O melhor lugar do mundo que conheci nos últimos tempos...
.............Na viagem a Fernando de Noronha fiquei instigada por "A tecelã de sonhos" na livraria do segundo andar, mas como queria uma revista sobre mergulho, que só tinha na livraria do terceiro andar, deixei para comprar os dois juntos e pagar no cartão. Quando cheguei lá, a pequena livraria só tinha a revista. Comprei, lanchei e quase na hora do check in uma frase da segunda página do livro continuou ressoando na mente. Pedi ao meu marido para esperar cinco minutos, corri à livraria do segundo andar, a grande, e comprei o livro. E me deu uma alegria... sabe quando a gente encontra na bolsa alguma coisa importante que pensou ter esquecido? Claro que quando voltei, encontrei meu marido rindo, sobre o meu vício literário.
.............Em Noronha, comecei a ler "A tecelã de sonhos", mas as maravilhas de Noronha eram tantas e tão intensas que a alma já estava transbordando de belezas. Senti que teria que deixar para a volta. Dito e feito. Comecei a ler de verdade em Niterói, com o livro cheio de grãos de areia caindo sobre a blusa. Se o Ibama descobre, posso ser presa por crime ambiental, e não há fiança que me tire da prisão. Sim, o Ibama funciona perfeitamente em Noronha, não podemos tirar nada da natureza lá. Nem precisa, viajar para Noronha é uma experiência que tatua nos cinco sentidos sol, vento, onda, liberdade, mergulho, respeito pela vida - animal e humana, deslumbramento e algo mais, muito mais. Noronha é um Brasil que (quase) todo brasileiro sonha. Noronha é um Brasil sem assalto, sem desconfiança nos outros - só porque o outro é outro que você não conhece. É um Brasil em que um acredita na palavra do outro, sem precisar mostrar documentos. Noronha é arrumar a mochila todo dia de manhã com máscara, snorkel, nadadeira, protetor solar, água e, claro, um livro.
.............Livro que se misturava com gotas da água salgada e grãos de areia soltos na mochila. Livro que acabei de ler e ainda estou abraçada a ele numa emoção tão forte que nem consigo descrever. Livro que embaralhou e desembaralhou lembranças de infância, de ontem, de viagens, adolescência, escolhas, perdas, presenças. Livro que me fez ter vontade de voltar a escrever...
.............Livro que se chama "A tecelã de sonhos" de Angela Dutra de Menezes.
.............Eu não conhecia a autora, nem tinha recebido indicação, foi encontrado ao acaso. E posso dizer que foi o encontro. O meu encontro literário! Fiquei impressionada com a escrita da Angela - a intimidade é culpa da personagem Berenice, que se tornou um pouco-muito minha também - com os fluxos de pensamento, com o trabalho de linguagem e, especialmente, com a capacidade de entrega e paixão. Faz tempo, muito tempo que não lia um Livro assim, com L maiúsculo. Faz tempo, muito tempo que um livro não me afeta tanto assim. Faz tempo que um lugar não me deslumbra tanto assim. E também faz tempo que não recomendo nada por aqui, então lá vai:
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AVENTURE-SE, leia "A tecelã de sonhos" !!!
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O melhor livro que li nos últimos tempos...
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AVENTURE-SE, vá a Noronha !!!
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O melhor lugar do mundo que conheci nos últimos tempos...
terça-feira, março 03, 2009
segunda-feira, março 02, 2009
Poesias
Praia da Conceição, Noronha
.Cacimba do Padre, Noronha, campeonato mundial de surf
Fotos: Sabine Marins
.Fotos: Sabine Marins
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"Toda a manhã consumida
como um sol imóvel
diante da folha em branco:
princípio do mundo, lua nova.
Já não podias desenhar
sequer uma linha;
um nome, sequer uma flor
desabrochava no verão da mesa:
nem no meio-dia iluminado,
cada dia comprado,
do papel, que pode aceitar,
contudo, qualquer mundo.
2.
A noite inteira o poeta
em sua mesa, tentando
salvar da morte os monstros
germinados em seu tinteiro.
Monstros, bichos, fantasmas
de palavras, circulando,
urinando sobre o papel,
sujando-o com seu carvão.
Carvão de lápis, carvão
da idéia fixa, carvão
da emoção extinta, carvão
consumido nos sonhos.
3.
A luta branca sobre o papel
que o poeta evita,
luta branca onde corre o sangue
de suas veias de água salgada.
A física do susto percebida
entre os gestos diários;
susto das coisas jamais pousadas
porém imóveis - naturezas vivas.
E as vinte palavras recolhidas
as águas salgadas do poeta
e de que se servirá o poeta
em sua máquina útil.
Vinte palavras sempre as mesmas
de que conhece o funcionamento,
a evaporação, a densidade
menor que a do ar."
Lição de poesia, de João Cabral de Melo Neto