Elo Primitivo

terça-feira, novembro 23, 2004

Ausência

A partir de amanhã estarei em BH - terra de Ana Carolina e tantos outros feras da MPB - participando do colóquio Literatura e Infância na UFMG. Final de semana: Ouro Preto, ou não, quem sabe? talvez ... afinal ninguém é de ferro.

Os caminhos da Liberdade

Revista Cult 84
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Simone de Beauvoir apresenta, em Memórias de uma moça bem comportada, suas primeiras impressões a respeito das paixões de Sartre: “Com o romantismo da época e seus vinte e três anos, sonhava com grandes viagens (...). Não se enraizaria em nenhum lugar, não se embaraçaria com nenhuma posse: não para se conservar vãmente disponível, mas para testemunhar tudo. Todas as suas experiências deveriam ser úteis à sua obra e afastava todas as que pudessem diminuí-la. (...) Sartre sustentava que, quando se tem alguma coisa a dizer, todo desperdício é criminoso. A obra de arte, a obra literária era a seus olhos um fim absoluto; ela trazia em si sua razão de ser e de seu criador, e talvez mesmo – não o dizia mas eu suspeitava de que estivesse persuadido disso – a do universo inteiro.”

segunda-feira, novembro 22, 2004

Sob o signo de Câncer

"Machado de Assis, Ernesto Sabato, Orígenes Lessa, Franz Kafka, Ernest Hemingway, La Fontaine, Herman Hesse, Joaquim Manuel de Macedo, Jean-Paul Sartre, Ingmar Bergman, Maiakovski, Guimarães Rosa e Marcel Proust, sensibilidades cancerianas em permanente busca pelo tempo perdido..."
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Eu, duplamente canceriana - nascimento e ascendente - plagiei o post do Pentimento, com autorização do Marcelo, claro!

domingo, novembro 21, 2004

"Um bom livro faz cicatrizes."
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Gilberto Dupas

sábado, novembro 20, 2004

Cartas de Monteiro Lobato a Rangel *


E foi assim que tudo começou...


"Fazenda, 8,9,1916


Rangel

/.../ Ando com várias idéias. Uma: vestir as velhas fábulas de La Fontaine, tudo em prosa e mexendo nas moralidades. Coisas para crianças. Veio-me diante da atenção curiosa com que meus pequenos ouvem as fábulas que Purezinha lhes conta. Guardam-na na memória e vão recontá-las aos amigos – sem no entanto prestarem atenção à moralidade, como é natural. A moralidade nos fica no subconsciente para ir se revelando mais tarde, à medida que progredimos em compreensão. Ora, um fabulário só nosso, com bichos daqui em vez dos exóticos, se for feito com arte e talento dará coisa preciosa... Que é que nossas crianças podem ler? Não vejo nada. Fábulas assim seriam o começo da literatura que nos falta. Como tenho talento para impingir gato por lebre, isto é, habilidade por talento, ando com idéia de iniciar a coisa. É de tal pobreza e tão besta a nossa literatura infantil, que nada acho para a iniciação de meus filhos. Mais tarde só poderei dar-lhes o Coração de Amicis – um livro tendente a formar italianinhos...

Lobato”



"São Paulo, 9,2,1921

Rangel,

/.../ Mando-te o Narizinho escolar. Quero tua impressão de professor acostumado a lidar com crianças. Experimentei nalgumas, a ver se se interessam. Só procuro isso: que interesse às crianças.

Lobato”


"Rio, 7,5,1926

Rangel,

/.../Ando com idéias de entrar por esse caminho: Livros para crianças. De escrever para marmanjos já enjoei. Bicho sem graça. Mas para as crianças, um livro é todo um mundo. Lembro-me de como vivi dentro do Robson Crusoe do Laemmert. Ainda acabo fazendo livros onde as nossas crianças possam morar. Não ler e jogar fora; sim morar, como morei no Robson e nos filhos do Capitão Grant.”
* Lobato, Monteiro. A Barca de Glever 8. ed. São Paulo, Brasiliense, 1956.
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Lendo as cartas de Monteiro Lobato senti uma urgência em homenagear Maria José Dupré. “A Montanha Encantada” foi o primeiro livro que se fez morada em mim aos oito anos. Aliás, acabei de me lembrar que tentei escrever um livro assim que terminei essa leitura encantada. Coisa de criança, já tinha até me esquecido. Tive o prazer de reler este livro para meus filhos há pouco tempo, que maravilha! Reviver nos olhos deles a emoção que senti lá atrás, a expectativa de cada capítulo, a identificação com os personagens ... é... clássicos pessoais são paixões que não se explicam, perpetuam-se e pronto.

sexta-feira, novembro 19, 2004

Escritores invadem prédio na avenida Paulista

PublishNews - 19/11/2004
A produção da mais recente geração de poetas, prosadores, jornalistas e críticos literários é o personagem principal dos Encontros de Interrogação, evento organizado pelo Itaú Cultural nos dias 22 e 23 de novembro em São Paulo. A sede da instituição paulistana, localizada no número 149 da avenida Paulista, vai abrigar cerca de 90 escritores, jornalistas e críticos de todo o País para discutir temas como a nova prosa brasileira, as relações entre poesia, música e imagem, se há talentos significativos na nova literatura brasileira, o diálogo entre jornalismo e crítica literária, e a literatura na internet. Idealizado e coordenado pelo jornalista Claudiney Ferreira, que convidou para curadores os escritores Cláudio Daniel, Frederico Barbosa, Nelson de Oliveira e Marcelino Freire, os Encontros de Interrogação fazem parte do Rumos Literatura 2004-2005, programa da instituição cujo objetivo é a descoberta de novos talentos nas artes brasileiras. A programação prevê uma série inédita de debates, saraus e lançamentos que tomará conta de todas as salas do Itaú Cultural durante os dias do evento, sempre a partir das 10h. As quatro oficinas programadas já estão lotadas, mas não são necessárias incrições prévias para as mesas de debate, que trarão escritores como Livia Garcia-Roza, Cíntia Moscovich, Rodrigo Garcia Lopes, Augusto Salles e a finalista do Prêmio Portugal Telecom Micheliny Verunschk. Mais informações e a programação completa podem ser obtidas no site www.itaucultural.org.br/encontrosdeinterrogacao. Um coquetel de abertura acontece no domingo às 18h.

quinta-feira, novembro 18, 2004

João Paulo Vaz

Recebi esse e-mail do João:
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"Caros colegas de oficina e, portanto, co-responsáveis por vários desses contos,
Está saindo o meu segundo livro.
"A mão do chefe" veio ao mundo na Feira do Livro de Porto Alegre e agora está sendo lançado no Rio.
Conto com a presença de vocês, dia 30. Independentemente do valor da obra, a alegria do reencontro já há de justificar a noite."
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Fizemos juntos a oficina do Jair Ferreira dos Santos. Das pessoas que conheci lá, três se tornaram especiais, após muitos rolinhos primaveras e bons papos no chinês depois das aulas. Eu me lembro de ter chegado em casa, depois do primeiro dia, com a missão de ler os contos dos participantes, rabiscar, cortar, criticar, comentar, elogiar etc. O que fiz com total imparcialidade, afinal, pimenta no texto dos outros é refresco... lá pelo sétimo, um me deixou com a respiração em suspenso: "Tia Isabel". Voltei ao nome do autor: João Paulo Vaz. Putz, virei fã instantaneamente.
Algumas frases daquele conto - que nem sei se permanece com esse título, mas deve estar no livro - sei de cór:
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"Lembrar se tornou uma espécie de vício."
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Escrevi um e-mail ao João na mesma hora, não resisti, precisava falar do espanto e do prazer que experimentei com aquelas palavras arrumadas por ele no papel em branco. Tive o privilégio de ressaltar qualidades, apontar pequenas imperfeições em alguns contos do nobre colega e, também, de receber críticas valiosas em meus textos feitas por ele.
Seu primeiro livro "Sete Estações" foi lançado no ano passado pela 7Letras, eu fui, comprei, mas nada de dedicatória... A fila dava voltas no Shopping da Gávea, esperei por uma hora e desisti. Além de excelente escritor é uma pessoa queridíssima, obvio que no dia seguinte o meu livro foi devidamente autografado no curso.
Bom, muito papo, mas o que importa mesmo é o dia do próximo lançamento, nem preciso dizer que recomendo, então, lá vai:
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A livraria Argumento, a Casa de Cultura Mário Quintana e a editora Nova Prosa convidam para o lançamento do livro de contos vencedor do concurso em 2004
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2º Prêmio Casa de Cultura Mario Quintana
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A mão
do chefe
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.João Paulo Vaz
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Terça-feira, 30 de novembro, a partir das 19h30m
Livraria Argumento - Leblon
Rua Dias Ferreira, 4117
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Claro, eu vou. Com enorme prazer, feliz por participar do sucesso merecido, muitíssimo merecido!

quarta-feira, novembro 17, 2004

MEC reúne mil livros em portal gratuito

Folha de S. Paulo - 17/11/2004 - por Luciana Constantino
Cerca de mil obras literárias e científicas estão desde ontem disponíveis na internet para que alunos, professores e demais interessados possam consultá-los. O acervo foi reunido pelo Ministério da Educação em um portal que permite busca por autor, título e palavra-chave. Traz ainda hinos e músicas, além de mapas, ilustrações e pinturas que sejam de domínio público ou tenham autorização legal para divulgação e exibição.

segunda-feira, novembro 15, 2004

Paixão de Ler

Participei do projeto de iniciativa da ABL na quarta e quinta-feira passadas junto com Andréa, Jônia e Sônia Monnerat. Fomos no CIEP de Guadalupe e ministramos duas oficinas sobre o Medo. No primeiro dia com o público adulto - professoras- e no segundo, para as crianças. Andei na linha 2 do metrô pela primeira vez, aliás, tive algumas experiências inéditas que renderam excelentes frutos: mais projetos em conjunto desse quarteto, ... e especialmente a escrita do meu primeiro livro infanto-juvenil. Que será dedicado a um aluno que participou da oficina e à idealizadora desse projeto: uma fada em forma de gente - ela ainda não sabe, mas garanto que será uma surpresa e tanto. Como tantas que ela tem me proporcionado mesmo não tendo a noção da dimensão dessa convivência. É maravilhoso encontrar pessoas que compartilham paixões em comum e poder trabalhar, vivenciar e frutificar idéias geradoras.

quarta-feira, novembro 10, 2004

No aprendizado pedagógico, artístico, humano...


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A gente só eterniza o que passa pelo coração.
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quinta-feira, novembro 04, 2004

O sol e a lua

O sol

O sol brilha o mar
brilha tanto que chega a queimar


Rodrigo Marins Nolasco


O sol e o vento

O sol é quente a lua é fria
E assim começa a ventania

Rodrigo Marins Nolasco


O Sol e a Lua

O sol nos queima
O sol queima o mar

O sol faz o dia
E a lua a noite

O sol queima o dia
E a lua a noite

Mas eu ainda não sei o melhor:
se é a lua ou o sol


Rodrigo Marins Nolasco






quarta-feira, novembro 03, 2004

Proust

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"A palavra é de uma leve substância química que opera as mais violentas alterações."
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A Prisioneira, II, 337 s.