Elo Primitivo

segunda-feira, março 21, 2005

Eu

Posted by Hello


A Terra:
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Eu sou esse outro mundo;
A lua me acompanha,
Por esse céu profundo...
Mas é destino meu
Rolar, assim tamanha,
Em torno de outro mundo,
Que inda é maior do que eu.
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Olavo Bilac. Trecho da poesia "O Universo"

Aos amigos que passaram por aqui neste um ano de vida, aviso que o Elo completou seu ciclo. Valeu pela companhia! Vou me dedicar ao romance, à monografia e a outros projetos que sairão do papel em breve. Fica a saudade (já!) de compartilhar as descobertas literárias. Passarei nos blogs amigos para matar a saudade, prometo.
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Um grande abraço a todos!

foto Sabine Marins Posted by Hello




Vida e Obra

Você sabe o que Kant dizia?
que se tudo desse certo no meio também
daria no fim dependendo da idéia que se
fizesse de começo
e depois
para ilustrar
saiu dançando um
foxtrote
.
Cacaso

foto Sabine Marins Posted by Hello

Sábado

A querida amiga Lila Maia teve o poema Vidência publicado na coluna do Affonso Romano de Sant'anna, Prosa e Verso, O Globo.
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Na livraria Largos das Letras - única de Santa Teresa, inaugurada há cinco meses e charmosíssima - após uma conversa divertida sobre humor na literatura com Marcio Paschoal, Claudio Lobato e Denise Crispun, encontrei um livro de poesia que virou meu xodó "Na corda Bamba", Cacaso, ed. Bem-te-vi, introdução: Heloisa Buarque de Holanda, imagens: Joaquim Salles e Tomás Salles. Lindo, lindo, lindo! É a retomada do projeto em conjunto de dois amigos, a releitura do original Na corda bamba lançado em 1978 com capa de papel pardo, artesanal, em dimensões e tiragem limitadas. O livro é, acima de tudo uma homenagem, uma ode à saudade, manifestação de presença indiferente à morte. É vida, da melhor qualidade.
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Arca de Noé





.....................NASCEU
...............................FUDEU


Cacaso

.

Na corda Bamba

.

...........................................Poesia

...........................................Eu não te escrevo

...........................................Eu te

...........................................Vivo

Cacaso

sexta-feira, março 18, 2005

Recebi por e-mail

A Comissão Artística do Prêmio

Portugal Telecom de Literatura Brasileira 2005 foi constituída:

Antonio Carlos Secchin, João Alexandre Barbosa, José Castello,

Lourival Holanda e Wander Melo Miranda

O Prêmio Portugal Telecom de Literatura Brasileira chega a sua terceira edição como um dos mais prestigiados prêmios literários do Brasil.

Como primeira ação de 2005, a Comissão Artística do Prêmio –– que tem papel fundamental em seu desenvolvimento e atua em todas as etapas, da aprovação do regulamento à premiação dos três grandes vencedores – se reuniu para deliberar sobre o regulamento, aprovando-o.

Caberá à Comissão:

1) propor o Júri Inicial

2) participar do Júri Nacional

3) participar do Júri Final

Sobre o Prêmio Portugal Telecom de Literatura Brasileira

O Prêmio Portugal Telecom de Literatura Brasileira irá premiar em novembro de 2005 as três melhores obras de criação literária (romance, conto, poesia e teatro) publicadas em 2004. Os livros precisam ser escritos por escritor brasileiro, em língua portuguesa, em primeira edição no Brasil. A seguir um resumo das etapas do prêmio:


1) Júri Inicial


A Comissão Artística avalia os nomes que irão formar o Júri Inicial. Em maio, o Júri Inicial indica o Júri Nacional. Para isso, cada um de seus membros vota em 5 nomes dentre os seus componentes. Os quinze mais votados participam do Júri Nacional, sendo nomeados da seguinte forma:

primeiramente, será escolhido o membro mais votado em cada uma das cinco regiões do Brasil, e depois, os dez nomes mais votados independentemente da Região.
Cada membro do Júri Inicial tem ainda como tarefa indicar, dentre os livros que conhece, os cinco melhores livros de criação literária de 2004, com a finalidade de construir uma lista referencial da produção literária do ano. Essa lista, entretanto, é apenas um instrumento que poderá ajudar os Júris Nacional e Final a se situarem perante a grande massa de livros lançados em nosso mercado editorial: ou seja, de acordo com os critérios de cada um, outros títulos que não estejam listados poderão estar entre os vencedores.

2) Júri Nacional

Em agosto, o Júri Nacional, composto pelos cinco membros da Comissão Artística mais os quinze nomes mais votados pelo Jú ri Inicial, escolherá os dez finalistas. A lista com as dez melhores obras publicadas em 2004 será divulgada ainda em agosto. Nessa ocasião, o Júri Nacional escolherá também o Júri Final.


3) Júri Final

Em novembro, o Júri Final, composto pelos cinco integrantes da Comissão Artística mais cinco membros do Júri Nacional, escolherá as três melhores obras de criação literária de 2004. O resultado será conhecido ainda em novembro.

O Prêmio Portugal Telecom de Literatura Brasileira foi uma feliz experiência de divulgação cultural da língua portuguesa, patrimônio comum do Brasil e de Portugal. Os grandes vencedores de 2003, com obras publicadas no ano de 2002, foram Dalton Trevisan (Pico na veia) e Bernardo Carvalho (Nove noites). O contista e o romancista dividiram o primeiro prêmio de R$ 100 mil. Os poetas Sebastião Uchôa Leite (A regra secreta) e Mario Chamie (Horizonte de esgrimas) ficaram em segundo e terceiro lugar, respectivamente.

Em 2004, concorrendo com obras publicadas no ano de 2003, os vencedores foram: em 1º lugar, o poeta Paulo Henriques Britto, com Macau, que recebeu R$ 100 mil; em 2º lugar, Sérgio Sant’Anna, com a coletânea de contos O vôo da madrugada, que recebeu R$ 30 mil; e em 3º lugar, Luiz Antonio de Assis Brasil, com A margem imóvel do rio, que recebeu R$ 20 mil.

Sobre a Comissão Artística:

Antonio Carlos Secchin- Rio de Janeiro
Contato: asecchin@ism.com.br

Doutor em Letras, Antonio Carlos Secchin é poeta, ensaísta e professor titular de Literatura Brasileira da Faculdade de Letras da UFRJ. É também o mais jovem membro da Academia Brasileira de Letras, eleito em junho de 2004.

Entre suas obras de poesia, destaca-se Todos os ventos, que ganhou os prêmios da Fundação Biblioteca Nacional, da Academia Brasileira de Letras e do PEN Clube.

Entre seus ensaios, destaca-se João Cabral; a poesia do menos, ganhador de 3 prêmios nacionais, dentre eles o do Instituto Nacional do Livro/MEC.



João Alexandre Barbosa - São Paulo

Contato: joaoalex@uol.com.br

Nascido em Recife, João Alexandre Barbosa é professor aposentado de Teoria Literária e Literatura Comparada da Universidade de São Paulo. Foi diretor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), presidente da EDUSP e pró-reitor de Cultura e Extensão Universitária.

Entre seus diversos livros destacam-se A imitação da forma, A metáfora crítica, As ilusões da modernidade, A biblioteca imaginária.


. José Castello – Paraná

Contato: josecastello@sulbbs.com

José Castello, carioca radicado em Curitiba, é jornalista e escritor. Mestre em Comunicação pela UFRJ, foi cronista de O Estado de S. Paulo, editor de Idéias do Jornal do Brasil, chefe da sucursal carioca de Istoé e repórter de Veja. É colaborador de O Globo, Época, Valor Econômico, Bravo!, entre outros.

É autor de O Poeta da Paixão, Na cobertura de Rubem Braga, O homem sem alma Uma geografia poética, Inventário das Sombras, Fantasma, As melhores crônicas de José Castello e Pelé/ Os dez corações do Rei. Organizou e prefaciou dois inéditos de Vinicius de Moraes, o Livro de Letras e Roteiro lírico e sentimental do Rio de Janeiro.


Lourival Holanda - Pernambuco

Contato: pgletras@npd.ufpe.br

Graduado em Filosofia pela Universite de Paris VIII e doutorado em Letras pela USP, São Paulo. Professor da Universidade Federal de Pernambuco , Centro de Artes e Comunicação , Departamento de Letras - UFPE.


Wander Melo Miranda – Minas Gerais

Contato: wander@pib.com.br

Professor titular de teoria literária da faculdade de Letras da UFMG, e ensaísta. Escreveu vários livros e recentemente, em 2004, um sobre Graciliano Ramos. Esta fazendo para a editora Record a reedição das obras completas de Graciliano Ramos. É diretor da Editora da UFMG (que não publica ficção, apenas ensaios e crítica literária)

quinta-feira, março 17, 2005

Ciência rima com poesia?

Alguns conceitos de Newton, o Isaac.

  • Peso: é a força com que um corpo é atraído gravitacionalmente.
  • Força: é a ação exercida sobre um objeto de modo a mudar sua quantidade de movimento.
  • Tempo absoluto: flui de modo contínuo e sempre do mesmo ritmo, perfeitamente, indiferente aos vários modos como nós humanos, escolhemos marcá-lo.

  • Segundo a física newtoniana, qualquer movimento pode ser compreendido através de simples leis físicas, independentemente de onde o movimento ocorrer: existe apenas uma física, cujo domínio de validade estende-se até as estrelas.

  • Todos os corpos matérias se atraem gravitacionalmente, com uma força proporcional ao produto de suas massas e inversamente proporcional ao quadrado de sua distância. Por exemplo, duas maçãs a um metro de distância atraem-se com uma força quatro vezes maior do que se elas estivessem a dois metros. Portanto, Terra, Lua, Sol e todos os objetos do sistema solar atraem-se mutuamente numa dança coreografada pela força da gravidade.

  • A gravidade é o cimento universal, governando todos os movimentos na escala cósmica. O sistema do mundo transformou-se num livro aberto, desvelado, em sua magnífica beleza, pelo gênio do “rapaz pensador, sombrio e silencioso” de Woolsthorpe.

Trechos retirados do livro A Dança do Universo dos Mitos de Criação ao Big-Bang, Marcelo Gleiser, ed. Companhia das Letras.

Sobrevôo

praia das Conchas Posted by Hello





Nos sonhos
transpiro vigor

na padronização
encolho perco
brilho e cor

quero voar
me puxam para o chão.
penso em versos
me pedem o pão

respeito? grana
profissão? padrão
preço? morte!

morte da
guerreira
alma feminina
idealismo, paixão.

o universo indica o caminho
a tradição puxa pro certinho
........L..........e
...........i ....r
a alma é v
algumas se deixam aprisionar
outras são torturadas até se curvar
muitas não conseguem se libertar

grandes alturas são para poucos
livres de pudores e preconceitos
almas que amam voar
pelo simples prazer das alturas

enfrentam turbulências,
correm riscos, chutam convenções
rompem vínculos
não existem limitações

mas é assim que são
apenas e simplesmente
são.

Morro Reuter, RS

foto Marcelo Curia/P2 Posted by Hello


Fantástica a matéria de Willian Barros na revista National Geographic deste mês sobre a pequena cidade gaucha Morro Reuter, que tem na BR-116 esse obelisco de livros, mostrando a paixão da cidade pela leitura.

quarta-feira, março 16, 2005

Imagine a cena:


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Ano: 1666.
Mês: janeiro.
Local: Woolsthorpe.
Quarto escuro.
Um fino raio de luz branca vindo da janela, através da persiana, entra no cômodo; atravessa o prisma e reflete as cores do arco-íris numa tela.
Cai por água abaixo a teoria de Descartes de que as cores são modificações da luz branca. Ao contrário, ela as compõem.
Eu queria estar lá, queria ter visto esta maravilha. A surpresa e o deslumbramento no rosto de Newton. Os sons que chegavam ao quarto, os cheiro, os insetos ...
A experiência do cara é poesia pura, aliás, a ciência está cheia de poetas que acreditaram em suas loucuras e bancaram seus sonhos.

À tarde


Fotografava quando um ponto branco apareceu na lente da câmera. Foi ver o que era. Desembrulhou a bola irregular de papel com letras escritas a lápis bicolor:
.
**
.
Tudo

é você
nas 4 bolas de sorvete de flocos
no ópio do quarto nos olhos
é você na memória da pele
na revolta do corpo se vingando
destruindo para se livrar de sua hierarquia
é você se repetindo em cada toque
guitarra letra cor
é você se impondo
construindo alheio ao impossível
sonho de mãos dadas no Campo
é a melodia que se aninha e procria
é você em todas as viagens na minha bagagem
é você-Sol você-norte
é a vontade que sempre renova
é o descontrole físico-químico mostrando
perigo potencial
é você me dizendo não com suas
escolhas
sou eu pedindo para me deixar partir
sou eu pedindo para não me deixar ir
sou eu consciente da loucura
amassando este papel e
jogando ao vento
.
**
.
Olhou em volta, não viu ninguém por perto. Uma carta de amor, nem mais, nem menos ridícula que qualquer outra. Jogou para o alto, ficou presa nos galhos da árvore. Foi embora, pensando, pensando, pensando no vento.

terça-feira, março 15, 2005

Vanguarda viva

Paulo Roberto Pires - no mínimo
.
15.03.2005
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“Sir, please!” Pela milésima vez, sem esconder a impaciência, o negro baixinho, que manca da perna direita, tem que sair de seu lugar e impedir, com educação, que alguém tire uma reta e acabe dando um encontrão nas oito pilhas de feltro que, encimadas por placas de bronze, ficam pouco depois da entrada de um dos salões da Tate Modern. Em exposição de Joseph Beuys, o histórico artista performático, funcionário de museu sai daquela apatia e tédio característicos: tem que dar duro para que o distinto público, mesmo modernoso como o londrino, entenda seu lugar e o da obra. Essa aí, aliás, chama-se “Fonds VII/2” e ocupa a primeira das dez salas da mostra “Joseph Beuys – Ações, vitrines, ambientes”, uma retrospectiva que ajuda a entender os limites entre conceito e picaretagem na arte contemporânea.Não que Beuys fosse bom de impor limites. Muito pelo contrário. Dedicou grande parte dos seus 65 anos a confundir as noções estabelecidas de arte. Desde que Marcel Duchamp levou às galerias de arte um mictório e batizou-o “Fonte”, um artista não é tão radicalmente crítico quanto este alemão que serviu como aviador ao Reich, estudou e ensinou escultura e destacou-se dos companheiros de vanguarda do grupo Fluxus por sua radicalidade e consistência. É venerado como um dos santos-padroeiros do vale-tudo das instalações e performances, mas basta ver uma de suas obras – incômodas, irônicas e às vezes até mesmo deprimentes – para entender o lugar que ocupa na História. Feltro, metal e gordura animal são alguns dos elementos onipresentes em seus trabalhos. Diz a lenda que o avião pilotado por Beuys caiu na Criméia durante a Segunda Guerra Mundial. Na versão que ele gostava de contar, os camponeses que o socorreram envolveram seu corpo com gordura e cobertores de feltro para poupá-lo do frio, o que explicaria a obsessão de obras como “A matilha”, de 1969. Trata-se de uma Kombi caindo aos pedaços “puxada” por uma matilha de pequenos trenós, cada qual equipado com um cobertor, um pedaço de gordura e uma lanterna. É uma visão tristíssima, descrita por ele como um “objeto de emergência”: “Em um estado de emergência a Kombi não serve para quase nada e, para que se sobreviva, é preciso apelar para meios mais simples e primitivos”.O capitalismo é, para Beuys, um mal a ser exorcizado, de todas as formas. Inclusive fazendo a crítica radical do socialismo, que sua geração vivenciou com toda a força de suas contradições. “Valores econômicos”, de 1980, é neste sentido genial: no centro da sala, apodrecem (literalmente) em prateleiras de ferro produtos essenciais comprados na antiga Alemanha Oriental. Em cada museu onde é montada, a instalação é cercada por quadros produzidos entre 1818 e 1883, anos de nascimento e morte de Marx. É preciso que as obras tenham molduras douradas, “burguesas”. “Minha escultura não está fixa nem terminada. O processo continua: reações químicas, fermentações, mudanças de cor, decadência, ressecamento. Tudo está em estado de mudança”, acreditava ele, fazendo das mudanças físicas uma representação da contínua mudança ideológica que o mundo vem passando desde então.Não é totalmente estranho que, numa exposição desta natureza, uma das obras mais impactantes esteja ausente. Trata-se de um filme de 37 minutos que registra a mais célebre e contundente performance de Beuys, “I like America and America likes me”. Em maio de 1974, Beuys chegou a Nova York e, sem botar os pés em solo americano, embrulhado em cobertores de feltro, foi levado numa ambulância até a galeria onde se trancou por três dias com um coiote, animal mítico para os índios americanos – no percurso entre o carro e a galeria, foi usada uma cadeira de rodas. A cada dia, eram introduzidos na sala 50 exemplares do “Wall Street Journal” para que o coiote pudesse registrar, com urina, o passar do tempo. Enrolado nos cobertores, usando uma bengala que sugere um fantasmagórico pastor de animais, Beuys e o coiote estabeleceram todo tipo de relação possível e imaginável entre dois seres vivos (entre dois países?): medo, raiva, camaradagem, afeto. Ao final da performance, novamente envolvido em cobertores e sem botar os pés em solo americano, Beuys é embarcado de volta.“Queria me isolar, me ilhar, não ver nada da América que não fosse o coiote”, explicou ele, que com a performance criticava duramente as ações dos EUA no Vietnam. As imagens desta performance são impressionantes e mostram o nível de complexidade a que Beuys podia chegar. Hoje, 31 anos depois e com os EUA ainda ignorando solenemente as mais elementares convenções do Direito Internacional, a “ação” deixa muito artista bom envergonhado e faz Michel Moore e Noam Chomsky parecerem colegiais que fazem direitinho sua lição de casa.Há ainda vitrines com materiais utilizados em performances diversas, quadros-negros preservados das famosas conferências dadas pelo artista e a incômoda “Mostre sua ferida”, instalação de 1974 feita de duplas de objetos: instrumentos agrícolas, quadros-negros e mesas usadas na dissecação de cadáveres, sob as quais jazem enormes potes com gordura derretida. Tudo aludindo às perversas relações do Homem com a História e, sobretudo, a responsabilidade da Alemanha no Holocausto. Se nada disso passa pela cabeça do visitante literalmente, fica uma sensação terrível de destruição e melancolia – ainda maior quando se é informado que, originalmente, a instalação foi pensada para uma abandonada passagem subterrânea de pedestres em Munique. Não há na Tate Modern, a imponente fábrica transformada em tempo da arte contemporânea, as filas que se formam na National Gallery, onde agora são exibidos 16 quadros raros de Caravaggio. Na Tate Britain, a atração, também com filas serpenteantes, é a mostra Whistler/Monet/Turner. Se dessas duas o cidadão sai maravilhado, da restrospectiva Beuys só se pode esperar incômodo. Mesmo que, ignorando os eloqüentes apelos daqueles ambientes, só se consiga fazer a velha e inócua pergunta: “Mas isso é arte?” Mas se for assim, já está muito bom.

sexta-feira, março 11, 2005

Câmara Cascudo


"Ao lado da literatura, do pensamento intelectual letrado, correm as águas paralelas, solitárias e poderosas da memória e da imaginação popular".
"Perguntou o que eu queria fazer. Pesquisar, estudar, expor a Cultura do nosso Povo, informei... Investigar o mundo popular, mergulhar nas raízes, procurando as constantes e permanentes da nossa mentalidade alheias às influências da educação clássica e do influxo europeu. Conhecer o que realmente é brasileiro e suas fontes de formação. Tal é o plano."
.
Câmara Cascudo

Sphera

Todas as coisas
fogem
de tudo eternamente
.
e apenas sobre
vive o risco da distância
.
***
.
Como perder
-se
em tanta claridade?
.
***
.
Não és
o rio mas seu estado
peregrino
..
não és
o vento mas
os lábios que o resfriam
..
não és
a estrela mas o
vazio em que
..
desaba a escuridão
..
(e sendo assim
antes de
tudo não és
nada)
.
***
.
E quando
em mim as
coisas já
.
não forem hei
de levar
o azul inacabado
.
de Isfahan
e nele dissolver
me
.
sem distinguir
onde
começo e onde
termino

***

CÉU (versão literal)
.
a Curt Meyer-Clason
..
O rio-palavra e as águas claras do pensamento __
Duas línguas e suas asas: __ A antiga entressonha-
da Babel e a nova entretecida Sião __
E o mesmorio-palavra respira essas distâncias: as lágrimas de
Camões e a brisa dos Sertões (água escrita de terra!)
__ O abismo e a vertigem do risco e do socorro...__
O verbo celeste __ E o rosto inascido... __ Água para
o teu fundo semântico jardim, onde brilha a Rosa
Uardi... __ Um Céu e duas pátrias __ Um Céu em
que florescem estrelas novas
.
Marco Lucchesi

quarta-feira, março 09, 2005

Filtro dos Sonhos - comprado em Canoa Quebrada Posted by Hello


"O aro do filtro é a roda da vida, e a teia que tecemos são nossos sonhos, não somente os sonhos que temos quando em contato com o Tempo do Sonho, mas também os sonhos de nossa alma, e o mundo de energia em movimento com o qual lidamos no nosso dia-a-dia. O centro da teia, é o vazio, o Espírito Criador, o Grande Mistério. Enfim, explicações têm muitas, mas devemos sempre lembrar que estes "objetos" não são simples objetos decorativos, eles são instrumentos de poder, são medicinas. Existem inclusive, vários tipos de teia. Os Chippewa utilizam uma teia muito similar à da aranha, em espiral, sendo que a sustentação desta teia em espiral está em 8 fios que correspondem às oito direções sagradas. Já os cherokees, trabalham com um filtro mais simples, onde há apenas uma pedra, geralmente no centro da teia, e uma única pena pendendo sob ele, pois acreditam que o filtro não pode ser muito "carregado" de objetos e penduricalhos para não desvirtuar sua função. Há ainda tradições que trabalham com o filtro na posição horizontal. Mas, enfim, cada tradição tem seu modo de confeccionar esta medicina. O interessante é que esta medicina surgiu em várias tribos que não mantinham contato direto umas com as outras, e vamos encontrar uma série de lendas a respeito disto.Estas medicinas podem ser carregadas com um propósito, que ativamos ao construir o filtro, que é quando colocamos nosso espírito e nossa energia transformando-o em um instrumento de poder. Além de todo o aspecto de instrumento de poder, o filtro é uma terapia incrível, pois ao fixarmos nossa atenção na medicina que estamos construindo, ela mexe com nossa energia, altera nossa consciência e também nos limpa, equilibra e nos faz recordar de Sonhos e propósitos esquecidos. Enfim, instrumentos de poder mexem com nosso interior, com nossa energia, e são canalizadores. Mas lembremos também que nunca devemos nos tornar instrumentos dos instrumentos, escravos de instrumentos, ou seja, não é o objeto que vai resolver uma série de coisas, ele apenas será veículo para nos por em contato com uma energia ancestral e com nosso intento. Também não nos livraremos de pesadelos, pois eles são aprendizado. O que o filtro basicamente faz é filtrar energias intrusas que podem interferir em nosso processo natural e pessoal do Sonhar e viajar pelo Tempo do Sonho, que é de onde vem grande parte do conhecimento de cada um de nós."

Teologia do Traste

Poema inédito de Manoel de Barros.
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As coisas jogadas fora por motivo de traste
são objetos da minha estima.
Prediletamente latas.
Latas são pessoas léxicas pobres porém concretas.
Se você jogar na terra por motivos de traste uma
lata: mendigos, cozinheiras e até poetas podem
pegar.Por isso eu acho as latas mais suficientes, por
exemplo, do que as idéias.
Porque as idéias sendo objetos concebidos pelo
espírito, elas são abstratas.
Se você jogar um objeto abstrato na terra por
motivo de traste, ninguém pode pegar.
Por isso eu acho as latas mais suficientes.
A gente pega uma lata, enche de areia e sai
puxando pela rua moda um caminhão de areia.
E as idéias por serem um objeto abstrato concebido
pelo espírito, não dá para encher de areia.
Por isso eu acho a lata mais suficiente.
Idéias são a luz do espírito — a gente sabe.
Há idéias luminosas — a gente sabe.
Mas elas inventaram a Bomba Atômica, a Bomba
Atômica, a Bomba Atôm........................................................................................................Agora
Eu queria que os vermes iluminassem.
Eu queria que os trastes iluminassem.

segunda-feira, março 07, 2005

Enciclopessoas

O dia começa com a leitura de, no mínimo, dois jornais; no fim de semana, pelo menos, quatro. Revistas semanais e mensais sobre política, cultura, arte, sociologia, antropologia, biologia etc., etc. Últimas notícias na internet fresquinhas, e, claro, Jornal Nacional, Globo News, Tv Cultura, Canal Futura. O tempo é raro, há necessidade de apreensão máxima para não ficar por fora. São as pessoas "antenadas" ao extremo. Prefiro chamá-las de enciclopessoas, robotizadas em nome de uma necessidade de demonstrar conhecimentos; no popular: chaaaaaatas.
Na contramão dessa praticidade gerencial de seres humanos, leio a seguinte notícia no O Globo - 5/3/2005 - por Manya Millen e Rachel Berthol:
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Em plena era eletrônica, quando praticamente toda a produção de textos é feita em computadores, o poeta e tradutor Marco Lucchesi trafega na mão contrária e se prepara para lançar uma ode à caligrafia, às belas letras ainda escritas à mão: em abril ele inaugura a editora Caligrama, cuja especialidade será a publicação de poemas manuscritos. Os livros terão formato de impressos desdobráveis, como uma pequena sanfona, e serão sempre ilustrados por um artista plástico que dialogue com o poema.
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Grande Lucchesi!
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Folheio notícias, leio as matéria interessantes, mas me aprofundo mesmo é em poesia, lato sensu, por favor!

sábado, março 05, 2005

Rapidinhas

Especial Amyr Klink. São quatro episódios da série O Continente Gelado nos dias 6, 13, 20 e 27 de março na National Geographic TV, às 21h.
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Entrevista com Pedro Juan Gutiérrez. Escritor Cubano com forte apelo erótico que retrata como poucos a realidade do submundo de seu povo e, com isso, tem os livros boicotados pelo sistema político vigente. Assisti a uma palestra com ele no CCBB há um ano e meio atrás, não me pareceu nem um pouco preocupado com os rótulos - ridículos, como a maioria dos rótulos - de maldito e polêmico. Li O Rei de Havana pra conferir. Gostei, tem estilo.

Meninos e Meninas

Posted by Hello



Parece clichê, e é. Parece que não saímos da primeira infância e tudo gira em torno de algo indefinido; os segredos bem guardados de nós mesmos em camadas protetoras.
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***
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Chegou em casa bufando e disse na lata: Péssimo dia! Péssimo, péssimo dia! Passou batido, entrou no quarto e a porta fez buuuum de novo. Fui atrás, sem fazer barulho, espiei: mochila azul no chão, merendeira vermelha em cima da cama, biscoito de chocolate aberto no meio, uma banda em cada mão. Já ia lamber o recheio quando me viu. "Mãe... péssimo dia." Come o biscoito. "Foi horrível o meu dia. Quer ?" "Hum hum." Como primeiro o recheio, assim como ele; assim como eu fazia quando criança. Ele ri. "Péssimo dia, mãe". Olha bem nos meus olhos e solta a bomba no ar. "Me deu uma cabeçada e eu dei um chute na canela dele." "Ele quem?" "Lucas." Fica na expectativa. Lucas, o melhor amigo. Como outro biscoito, dessa vez mordo inteiro. "Onde foi?" "No recreio." "Tá doendo?" "Não." "Não?" "Já passou." "Ãh... quer mais um?" "Chega né, mãe, assim vai me dar dor de barriga." "Ô moleque, quantos anos você tem, hein?" Como ele de cosquinhas. "Se esqueceu? Completei a mão inteira." Me mostra orgulhoso. "Cinco flechas infravermelhas ou um escudo protetor, tchanrammmmm." Se liberta dos meus beijos e sai voando pela casa, o meu menino.
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***
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Sessão pipoca: Shrek.
Antes de dormir, este belíssimo livro que é um dos meus favoritos:
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O Homem que Amava Caixas
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Escrito e ilustrado por Stephen Michael king, ed: Brinque-Book
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Era uma vez um homem
O homem tinha um filho
O filho amava o homem
e o homem amava caixas.
Caixas grandes
caixas redondas
caixas pequenas
caixas altas
todos os tipos de
caixas!
O homem tinha dificuldade
em dizer ao filho
que o amava;
então, com suas caixas,
ele começou a construir coisas
para seu filho.
Ele era perito
em fazer castelos
e seus aviões sempre voavam...
a não ser, claro,
que chovesse.
As caixas apareciam de repente,
quando os amigos chegavam,
e, nessas caixas,
eles brincavam...
e brincavam...
e brincavam.
A maioria das pessoas achava que
o homem era muito estranho.
Os velhos apontavam para ele.
As velhas olhavam zangadas para ele.
Seus vizinhos riam dele
pelas costas.
Mas nada disso preocupava o homem,
porque ele sabia que tinham encontrado
uma maneira especial de compartilharem...
o amor de um pelo outro.

sexta-feira, março 04, 2005

As Flores do Mal



As descrições são raras e sempre significativas. E tudo é encanto, música, sensualidade abstrata e poderosa... Luxo, forma e volúpia. Nos melhores versos de Baudelaire há uma combinação de carne e de espírito, uma mistura de solenidade, de calor e de amargura, de eternidade e de intimidade, uma aliança raríssima da vontade com a harmonia que os distinguem nitidamente dos versos românticos, como os distinguem nitidamente dos versos parnasianos(...) Essas palavras extraordinárias são conhecidas e reconhecidas através do ritmo e das harmonias que as sustentam e que devem estar tão íntima e tão misteriosamente ligados à sua produção que o som e o sentido não possam mais separar-se, correspondendo-se infinitamente na memória.
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VALÉRY Paul, Variedades, Situação de Baudelaire, trad. Maiza Martins de Siqueira, 1991-1999: Iluminuras.


LXXXVI - PAISAGEM

Quero, para compor os meus castos monólogos,
Deitar-me junto ao céu, à moda dos astrólogos,
E, vizinho do sino, escutar cismarento,
Os seus hinos marciais, levados pelo vento.
As mãos postas no queixo, eu do alto da mansarda,
Hei de ver a oficina a cantar na hora parda;
Torres e chaminés, os mastros da cidade,
Grandes céus a fazer sonhar a eternidade.

É sempre doce ver que à tarde a bruma vela
A estrela pelo azul e a lâmpada à janela,
Os rios de carvão irem ao firmamento,
Como a Lua, verter seu frouxo encantamento.
Eu hei de ver a primavera, o outono e o estio;
E quando o inverno vier, monótono em seu frio,
Por tudo fecharei cortinas e portões
Para construir na noite as feéricas mansões.

Sonharei com o poente azul e com seus astros,
Repuxos no jardim chorando entre alabastros,
Beijos como canções desde a manhã à tarde,
Tudo o que de infantil o Idílio ainda guarde.
O Alvoroço lá fora em tempestade cresça
Mas eu nunca erguerei da carteira a cabeça;
Mergulhado serei nesta sensualidade
Do mês de abril chamar só com minha vontade,
De um sol todo extrair de minha alma, que espera
Mudar meu peito ardente em tépida atmosfera.

Charles Baudelaire

Tradução: Ivan Junqueira e Jamil Hadaad

quarta-feira, março 02, 2005

Um ano acrescentando Elos à corrente

Posted by Hello


"Tudo era fantasia, um sonho, um mundo de vastas emoções e pensamentos imperfeitos." Rubem Fonseca

terça-feira, março 01, 2005

Dicionário do Ceará

Tarcísio García

É um livro de bolso com a caricatura de um nordestino quase sem dentes na capa amarela. Comprei no mercado Central de Fortaleza. E já na viagem a galera ganhou apelidos engraçados. É de rolar de rir. Os meus? Não conto! Nem morta... Ãh? Só um? Não sei, deixa eu pensar... Tá legal. Só falo porque você, provavelmente, também se encaixa aqui, então, lá vai:

Sovaco intelectual – que vive com um livro debaixo do braço.

Agora me diz, quem é que não conhece vários na categoria abaixo, hein?


Os tipos de doido

Meio doido/ Doido da cabeça / Doido e a família não sabe / Doido e tem um irmão que dá nó em peido / Doido e tem um irmão que come bosta / Doido e corre atrás do trem / Tan-tan / Miolo mole / Doido varrido / Doido de carteirinha / Doido de papel passado / Doido de firma reconhecida / Biruta / Biró / Abirobado / Não gira bem / Doido que bebe gás / Tem um parafuso a menos / Tem um parafuso frouxo / Atubibado / Avoado / Juízo de lagartixa / Cabeça de prego / Não é bom da bola / Doido de pedra / Bile / Abilolado / Abestalhado / Fora de tempo / Lesado / Leroso / Perturbado / Guenzo / Doido e 40 / Tá com gala seca na cabeça / Fie de gala seca / Fraco da cabeça / Doido que sai do cabo / Doido de ver coisa / Doido de ouvir a voz / Toma remédio controlado / Mental / Asilado / Doido de tanto estudar / Doido e gargareja água sanitária /

Teste de Resistência


Passo nos blogs amigos logo cedo, rezando para que não sejam da: UOL! Alguns são. Paciência, muita calma e paciência. Digito uma bobagem qualquer, já concentrada na combinação caótica de hieróglifos que enfrentarei a seguir: Fgh45l. Bomba! Aad568. Bomba! GTHF98. Bomba! Bomba! Rzhiiofhsduhf... PQP! Jogo eu uma bomba no sistema de comentário da UOL.
CATAPLUM!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Aproveito para enviar, também, uma para TELEMAR com suas emocionantes atendentes digitais, quem sabe outra na Câmara Federal ???

O discreto milagre de Christo-

01.03.2005 No Mínimo - Paulo Roberto Pires
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No último fim de semana, foi dado o ponto final em The Gates, o monumental trabalho dos artistas Christo e Jeanne-Claude. Por 16 dias, 37 quilômetros de alamedas do Central Park foram salpicadas de açafrão, evocação culinária que a imprensa americana usou e abusou para definir a tonalidade das bandeiras alaranjadas que pendiam dos 7.500 portais de ferro que compunham a “instalação”. As aspas são necessárias, pois no mar de sem-gracice e picaretagem da arte contemporânea, qualquer macumba em canto de galeria é assim chamada – mas poucas intervenções, como a de Christo, realmente merecem este nome.Desde 1979 a dupla pretende instalar os portões no coração de Nova York, onde vivem hoje. Sucessões de prefeitos, políticos e ambientalistas, não necessariamente nesta ordem, deram sua contribuição à obscuridade impedindo por motivos diversos que a cidade fosse palco da intervenção. Neste meio tempo, Christo e Jeanne-Claude “embrulharam” a Pont-Neuf e o Reichstag e abriram 3 mil gigantescos ombrelones por cidades do Japão e da Califórnia. As imagens destas ações são fascinantes, mas dizem pouco, muito pouco do que representa este trabalho, mais radical do que parece e absolutamente perturbador.Por isso, os guardiões da estética, do bom gosto e da “arte” perdem boa chance de ficarem calados se criticam Christo sem experimentar o que ele propõe. Por definição, The Gates é uma excentricidade. Na prática, emociona como poucas obras de arte. Consegue mobilizar toda uma cidade em torno de cores, belamente inúteis, que balançam ao sabor dos ventos gélidos deste inverno. No sábado, dia 12 de fevereiro, os Gates foram desfraldados às 8 e meia da manhã diante de uma multidão de gente que parecia em êxtase, deixando em casa as carrancas e o ar taciturno e saindo à rua com sorrisos de verão.As crianças, acostumadas a um mundo menos brutal, nem ligavam tanto para os Gates. Mas os adultos percorriam o parque fascinados, deslumbrados como meninos, tirando fotos, tentando inutilmente mexer nas bandeironas, cujo efeito variava com sua disposição – suaves pinceladas se vistas contra o skyline, pontos delicados se observadas do terraço do Metropolitan ou agressivamente chamativas contra a superfície congelada dos lagos. Uma equipe de funcionários do projeto, vestindo coletes na cor das bandeiras, percorria permanentemente as alamedas munidas de varas retráteis para desembaraçar algumas bandeiras enroladas pelo vento – operação sempre aplaudida pelos visitantes. Mas isso é arte?, perguntam em coro e em dúvida Mr. & Mrs. Middleclass, jurando que seu filho adolescente poderia fazer melhor, pois desenha muito bem. Se arte pode ser entendida como uma proposta coletiva que mobiliza, emociona e liberta a imaginação, The Gates é arte – e de massa. Se não um artista, quem teria a iniciativa, esplendorosamente inútil, de pontuar uma paisagem tão perfeita com adornos que servem a nada mais do que a contemplação?The Gates é excepcional e já acabou. Quem viu, viu e não esquece jamais; quem não viu, babau. Sua efemeridade é, no entanto, menos um egoísmo dos artistas do que um convite ao devaneio. E se a sua cidade fosse, de um dia para outro, alterada por uma intervenção destas, destinada apenas a maravilhar?Gosto de imaginar a perfeição estética do Rio de Janeiro alterada, por uma mísera semana, pelo Christo. Já pensaram como ficaria Cristo, o Redentor, embrulhado por Christo, o malucão? Perdoem, mas uma experiência destas contagia – por isso é efêmera e única, por isso não cabe nas críticas de arte.