Elo Primitivo

terça-feira, maio 31, 2005

Escritores se organizam por política pública de fomento

Folha de S. Paulo - 30/5/2005 - por Julián Fuks
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O primeiro cenário foi um salão de festas abafado, do prédio de Marcelino Freire. Abafado por causa do tempo, não por falta de espaço. Eram apenas quatro os escritores participantes: o anfitrião pernambucano, Ademir Assunção, Joca Reiners Terron e Claudio Daniel. De lá, a citação a Ezra Pound: "Uma nação que negligencia as percepções de seus artistas entra em declínio. Depois de um certo tempo ela cessa de agir e apenas sobrevive". Estavam definidas as bases para o Movimento Literatura Urgente e redigido o manifesto "Temos Fome de Literatura", que reivindica a definição de políticas públicas para o fomento ao trabalho de poetas, prosadores e ensaístas, "principais artífices da criação literária". Assinado por 181 autores, entre eles Milton Hatoum, Moacyr Scliar e Raimundo Carrero, foi encaminhado para o Coordenador do Programa Nacional do Livro, Leitura e Bibliotecas, Galeno Amorim. A idéia é permitir uma profissionalização mais fácil dos escritores, uma vez que a grande maioria, no Brasil, tem de exercer outras funções além da escrita para sobreviver. "Da forma como os atuais programas governamentais estão sendo levados, compreendem apenas o produto, e não o processo criativo. É como se fizessem uma política de incentivo ao cinema beneficiando apenas os produtores dos filmes", explica Ademir Assunção. Como principal reivindicação, pedem que o Fundo Nacional do Livro, Leitura e Bibliotecas, que está sendo estudado pelo Ministério da Cultura, passe a incluir a palavra "literatura" e destine 30% de seu orçamento para a criação literária, por meio de bolsas, concursos e eventos.

domingo, maio 29, 2005

Tempo e Espaço Absolutos

foto S.M.


"É muito difícil conhecer os movimentos verdadeiros de cada corpo, distinguindo-os dos movimentos aparentes, porque as partes do espaço imóvel nas quais os movimentos verdadeiros ocorrem não são percebidas por nossos sentidos. Não devemos desistir totalmente de conhecê-los."
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I. Newton, terceira lei do movimento, Principia

F = ma

foto: S.M.


A velocidade que uma força dada pode produzir numa matéria dada, em um tempo dado, é diretamente proporcional ao tempo e à força e inversamente proporcional à quantidade de matéria. Quanto maior a força, mais longo o tempo e menor a quantidade de matéria, maior será a velocidade produzida: o que é bem claro pela segunda lei do movimento.
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Proposição 24 do livro II dos Princípia, I. Newton

foto: S.M.


Tempo com lábios de lima, em faces sucessivas, afias-te, tornas-te febril...
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R. Char, A une sérénite crispée

sexta-feira, maio 27, 2005

Platão, Mênon, 85 c

SÓCRATES: Assim, portanto, naquele que não sabe, acerca dessas coisas que acontece ele não saber, pensamentos verdadeiros sobre as próprias coisas que não sabe?
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MÊNON: Com certeza!
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SÓCRATES: E agora esses pensamentos erguem-se nele, como se de um sonho se tratasse.
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quinta-feira, maio 26, 2005

IX Jornada do Centro de Pesquisas Sociossemióticas: Semiótica Sincrética

Televisão, cinema, publicidade, canção: como o sentido se produz?

31 de maio - 9 às 19h.
Auditório Macunaíma
(bloco B, sl.405)
Inscrições na secretaria do GPL sl. 518
UFF

quarta-feira, maio 25, 2005

Fotografias



Para Sônia Monnerat - pela surpresa hoje.





As fotos iam mudando de posição, da primeira à última da fila. Sob a cama, ainda desarrumada, caixas revestidas com papel floral, envolvidas por largas fitas de cetim verde. Imagens trazendo o inevitável, emoções na palma da mão; passado revivido ocupando a mente, seu corpo presente. Pessoas em 10 x 15, retangulares, desaparecidas do cotidiano.
Sônia pegou a agenda telefônica, mas o tempo, esse ser tão maleável, ele mesmo soprou: Acorda, você está vivendo o inexistente. Eu não sou eu-agora, sou eu-viajante na máquina do meu tempo sideral.
Amarrou as fotos num laço desajeitado. Abriu outra caixa, essa forrada com tecido brocado salmão, presente da tia Carmem em algum aniversário. Fotos dos 15 aos 19 anos, relaxou em sorriso. Observava, tateava, sentia o cheiro de férias, maresia, vento, moto, dunas, pôr-do-sol, pele bronzeada, pele ardida, vermelha, descascada. Corpo: despido, vestido em viagens, descobertas do, febre de, pulsações, tremores, linguagem. Bilhetes em guardanapos de papel escritos com batom, beijos fim de noite, abraços a beira-mar, serenatas, bebedeiras, tombos, bugue, Paralamas, Legião Urbana, Fernando Pessoa, Cadu, Claudia, pitanga, olho-de-gato, Marise com esse, banho de chuva, de lua, tchau com tradução de fica mais um pouco, mais um muito, mais tudo, jogo, peteca no ar.
A foto em que jogava peteca com o irmão foi o estopim do pensamento: É isso! É isso o amor. Claro! A peteca. Alegria de jogar. Puro prazer com um jogador específico simplesmente por brincar.
Sônia vinha dissolvendo conceitos, preconceitos, pré-conceitos. Cruzou as pernas, havia prazos a considerar. Essa tênue passagem de tempo entre a meia-noite no último dia de validade e a primeira hora do dia seguinte. Certo cheiro de alguma coisa passada na geladeira.
Intensidade – esse era o escopo da emoção. Imagens superpostas no corpo de Ser. Arquivos abertos, escancarados nos corredores da inconsciência. Chuva de fotos _ dança de papel, braços, sorrisos, pernas, colchão de molas.
Deitou, ocupando todo espaço da cama. O primeiro estágio do sono: um olho no sonho, um ouvido na realidade, dormência. Mente em raro instante de branco, plenitude ao vivo, a cores, em preto e branco; na real sintonia incongruente dos desejos.
Bem dentro do sonho, tomou a decisão. Assim que acordou, pegou papel e caneta na gaveta. Ela sabia que não esqueceria. Escrever era uma espécie de oração, um mantra devotado a si mesma para não cair na tentação de fraquejar ou de se acomodar.

E, então, Sônia escreveu:











Manifeste du Surréalisme

Sumeter a imaginação, mesmo que disso dependesse aquilo a que impropriamente chamamos a felicidade, é furtarmo-nos a tudo o que, no fundo de nós próprios, existe de justiça suprema. Só pela imaginação vislumbro as coisas que podem vir a tornar-se realidade, e isso é o suficiente para levantar um pouco o terrível interdito. O suficiente para que eu me abandone a ela sem receio de enganar-me...
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A. Breton

Jornada Nacional de Literatura

PublishNews - 25/5/2005
A 11ª edição da Jornada Nacional de Literatura, que acontece em Passo Fundo (RS), de 22 a 26 de agosto, abre inscrições a partir do dia 1º de junho. Nesta edição, o evento vai debater a "Diversidade Cultural: o diálogo das diferenças", buscando constituir-se numa linha de unidade no contexto da diversidade entre os povos. As inscrições devem ser realizadas a partir das 8h do dia 1º de junho até o preenchimento total das vagas, que são limitadas. Elas serão feitas somente através da internet, no endereço www.jornadadeliteratura.upf.br. No mesmo período também estarão sendo realizadas as inscrições para o Encontro Nacional da Academia Brasileira de Letras, para o 4º Seminário Internacional de Pesquisa em Leitura e Patrimônio e para o 1º Seminário Nacional de Jornalismo Cultural. Além disso, durante os cinco dias de atividades, serão desenvolvidos 30 cursos, e os participantes deverão escolher qual irão freqüentar no dia da inscrição.




terça-feira, maio 24, 2005

"Fotografia: Suporte da Memória Instrumento da Fantasia"


Está em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro a mostra Fotografia: Suporte da Memória Instrumento da Fantasia, com três distintas e significativas exposições reunindo acervos do Brasil e do exterior. O evento faz parte do festival FotoRio 2005, que começa oficialmente em junho, e ainda inclui em sua programação debates com convidados internacionais e uma mostra de vídeos sobre fotografia.
"A fotografia está presente na nossa vida: da carteira de identidade ao álbum de família, passando pelas paredes dos principais museus do mundo. O que faz a especificidade da fotografia é justamente esse caráter universal do seu uso, que faz dela um dos elementos mais fortes na formação da memória individual e coletiva e dá rosto à nossa fantasia. Tudo isso estará exposto no CCBB", diz o curador geral Milton Guran, também coordenador do FotoRio.
Guran concebeu parte da exposição durante suas andanças pelo mundo. Na cidade do Porto, em Portugal, ele foi apresentado à Coleção Nacional de Fotografia, com quase três mil imagens, que fazem parte do Centro Português de Fotografia. Cerca de 60 delas poderão ser vistas na mostra Do Olhar Inquieto, com curadoria de Tereza Siza, diretora da instituição portuguesa. "De forma original e elucidativa, a mostra traça um panorama crítico da história mundial da fotografia. É a primeira vez que parte da Coleção Nacional de Fotografia é mostrada fora de Portugal", conta Guran.
As imagens foram agrupadas em três módulos, que não seguem nenhuma linha histórica ou cronológica: A Sensualidade dos Signos, Técnica e Performance e Ética e Estética. Essa é uma rara oportunidade de contemplar desde o primeiro daguerreótipo feito em Portugal, em 1840, a imagens capturadas por grandes nomes, como Henri Cartier-Bresson, Thomaz Farkas e Sebastião Salgado.
Estrelas do Cinema
Da França, vem a inédita Portraits de Stars, reunindo 40 fotos de atores e atrizes de cinema das décadas de 30 a 60 selecionadas por Jean-Luc Monterosso, diretor da Maison Européenne de la Photographie (MEP) e do Mois de la Photo, em Paris. "Quando procurei o Monterosso, para propor uma parceria com o FotoRio, ele mesmo pensou nessa coleção de fotos de artistas de cinema, recém- adquirida pela MEP. São retratos magníficos em P&B, relíquias do tempo em que a televisão ainda não tinha tomado conta de todos os corações e mentes, e os retratos de artistas eram verdadeiros objetos de culto, parte real dos glamourosos sonhos de vida construídos pelo cinema", analisa o curador geral.
Entre as imagens cobiçadas por fãs do cinema, estão Marlene Dietrich clicada por Milton H. Green em Nova York; Brigitte Bardot dançando sobre os telhados de Paris diante da objetiva de Walter Carone, Charlotte Rampling fotografada por Alice Springs e Jean Gabin no filme Le Jour se Leve, de Marcel Carné, registrado por Raymond Voinquel.
Registros EtnográficosDo acervo mantido em território brasileiro, uma preciosidade. A exposição Retratos Estrangeiros reúne cerca de 40 imagens produzidas por fotógrafos-viajantes entre 1860 e 1880. Os retratos de diferentes etnias fazem parte da coleção de D. Pedro II doada à Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. O acervo é tão valioso que foi inscrito pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) no Registro da Memória do Mundo por sua importância para a história da humanidade. A seleção foi feita por Joaquim Marçal, historiador e chefe da Divisão de Iconografia da Fundação Biblioteca Nacional. "Esta exposição é um testemunho eloqüente do valor que Dom Pedro II, monarca de um povo tão diverso nas suas origens, atribuía à diversidade cultural, trazendo para perto de nós outros exemplos de como se vive neste planeta", diz Guran.
Ciclo de Debates
De 24 a 27 de maio, curadores e especialistas em fotografia de diversos países discutirão questões ligadas à constituição e à preservação das coleções e arquivos fotográficos e sua utilização pela sociedade.
De 1º a 3 de junho, a mostra de vídeos Por Dentro do Olhar em Movimento promove o encontro de cineastas e fotógrafos, que conversarão com o público sobre as especificidades desta forma de expressão.
Leia a entrevista com a diretora do Centro Português de Fotografia
Veja a galeria de fotos
Fotografia: Suporte da Memória, Instrumento da FantasiaCCBB Rio
De 19 de abril a 26 de junho
De terça-feira a domingo, das 10h às 21h
Entrada franca
Rua Primeiro de Março 66. Centro Tel.: (21) 3808-2020. E-mail: ccbbrio@bb.com.br

Brasil: palco e paixão. Um século de teatro

São 252 páginas. Papel couchê, 29.5 x 29.5 cm. Fotografias de arrepiar – eu senti na pele!

Capa: Fernanda Montenegro e Ítalo Rossi em Os Interesses Criados, de Benavente, Teatro Brasileiro de Comédia, São Paulo, 1957.

Contracapa: Macunaíma, de Antunes Filho, 1978.

Folha-de-rosto: em 1943, a montagem de Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, no teatro Municipal, Rio.

Textos: Leonel Kaz, Bárbara Heliodora, Tânia Brandão, Sábato Magaldi e Flávio Marinho.

Páginas duplas com fotos de Paulo Autran, Cacilda Becker, Maria Della Costa, Procópio Ferreira e Bibi Ferreira. Isso é só para começar. Com apresentação de Paulo Autran e o registro de momentos marcantes do teatro brasileiro, a cada passagem de página, o livro nos remete à nossa própria história. Peças que assistimos, atores que participaram de alguma forma em nossa vida, autores imprescindíveis, personagens vividos _ aos 9 anos encenei Maria, de João e Maria, e aos 15 representei outra Maria, em Eles não usam Black Tie no lotado teatro Abel.
Não importa se acontece no real ou no imaginário de cada personagem de si mesmo. Virar as páginas é como estar do outro lado das cortinas vermelhas, ouvir os sinais de que a peça já vai começar, suar frio, desejar merda aos companheiros, sentir-se na fila de uma montanha-russa gigante e, mesmo assim, lançar-se ao palco sob os riscos da vaia e do aplauso.
Não, não é um livro, trata-se de uma experiência. Experiência sensorial. Como assistir a um dos filmes de David Lynch. Ou, indo mais profundo, como rever O Clã das Adagas Voadoras num cinema de 360º. Nessas horas, todo o cuidado é pouco! Você sabe, pode acontecer o improvável e você, bem, você pode (se) perder (n)o (des)controle das próprias emoções.

Dica: O site americanas.com está em promoção. O livro sai por R$ 99,00. Assinantes do O Globo têm desconto de 10% nas compras feitas por telefone.

Dica 2: Outro bom livro em promoção, no mesmo site, é The Beatles – Antologia, de R$ 199,90 por R$ 79,90. “Registro definitivo dos eventos em torno da banda até 1970, escrito pelos próprios integrantes e completado por entrevistas concedidas a programas de televisão e para a produção do vídeo The Beatles Anthology. Inclui entrevistas especialmente feitas com Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr. A compilação de palavras de John Lennon foi supervisionada por sua mulher, Yoko Ono.”

Links

Três novos fotoblogs no link ao lado. Os autores são de uma intimidade indecente. Fiz apenas um pedido aos caras: sem fotos minhas ou do seu pai, o.k.? Censura, mãe?! Com o tamanho da vaia caí na real. Democracia, fazer o quê... Advinha qual foi a primeira foto que escolheram?

foto: S.


Delicada arquitetura de Tule


sonhou sonhou sonhou
(mas)
o despertador tocou
ele sempre toca na mes
ma hora imprópria

Jeri, foto: Rinaldo Nolasco


Inventário do ir-remediável


(...)A visão tardia de encontrar a chave depois da porta ter-se tornado inexistente. A chave inútil pesando em fogo nas mãos e o gesto há muito tempo preparado transformado subitamente em cansaço e desencanto de não ter visto antes. Os dois sentados um em frente ao outro, pela tarde a transformar-se lenta em noite, em madrugada, em cinza. Não virá nunca.
Véspera de sábado, na sala ao lado o telefone grita para ouvidos distraídos. Sua mão esfaqueia a parede, as palavras caem como frutos podres, como flores colhidas, como crianças mortas. Nas mãos, a chave achada muito tarde, muito tarde. Tarde demais.
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Caio 3D, Caio Fernado de Abreu

segunda-feira, maio 23, 2005

Casa da Flor

fotos: Sabine Marins



"Porque no Impossível é que está a realidade."


Clarice Linspector, Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres: Nova Fronteira, pg. 117.

vista de dentro

vista de fora

domingo, maio 22, 2005

Despoesia

"cada um de nós - escreveu Fernando Pessoa - tem, talvez, muito que dizer, mas desse muito há pouco que se diga. A posteridade quer que sejamos breves e precisos." não há razão para pressa.
tecnicamente o livro vai do dátilo ao dígito (com a letraset reinando entre eles.) poeticamente ele vive o conflito mal resolvido entre o falar e o calar. por isso, mais do que "false stars" ele tem "false ends". cada poema é como se fosse o último e ressoa, inevitalmente, o fracassucesso desse conflito. é que nós, poetas, contradizendo o filósofo, insistimos em querer falar ali onde a razão lógica incitaria a calar ante a impossibilidade do dizer. falha perdoável, que a própria fábrica humana acabará por sanar no tácito pós-tudo, indiferentemente à "doce idiotia" que nos faz tão loquazes.
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pós-soneto (1990/1991)
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quand
oeu
sabia
fazer
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poesia
ningu
emme
dizia
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agoraq
ueeu
cansei
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dizemq
ueeu
sei
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Despoesia, Augusto de Campos: Perspectiva

UM LANCE DE DADOS JAMAIS ABOLIRÁ O ACASO


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UM LANCE DE DADOS


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JAMAIS


.......MEMESMO QUANDO LANÇADO EM CIRCUNSTÂNCIAS

ETERNAS
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....................DO FUNDO DE UM NAUFRÁGIO (...)
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..
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JAMAIS ABOLIRÁ(...)
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...........................................................................FOSSE
..........................................................................êxito estelar
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SERIA
..pior
...............não
.........................mais nem menos
...................................................indiferentemente mas tanto quanto (...)

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O ACASO (...)
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vigiando
...............duvidando
..................................rolando
..................................................brilhando e meditando
.....................................................
.............................................antes de se deter
...................................em algum ponto último que o sagre
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.......................Todo Pensamento emite um Lance de Dados
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Mallarmé, Augusto de Campos, Décio Pignatari, Haroldo de Campos: Perspectiva.


sexta-feira, maio 20, 2005

Projeto de lei autoriza reprodução de livros

PublishNews - 20/5/2005 - por Carlo Carrenho
No último dia 12 de abril foi apresentado na Câmara de Deputados o Projeto de Lei 5046/05, do deputado Antonio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP). O projeto propõe uma alteração à Lei 9610/98, que trata sobre direitos autorais, e autoriza a reprodução de livros sem fins comerciais para uso exclusivo de estudantes universitários. Se o projeto for aprovado, reproduções integrais de qualquer obra poderão ser feitas pelos estudantes sempre que os mesmos tiverem dificuldades financeiras ou não houver exemplares dos livros à venda. Na justificação do Projeto de Lei, Mendes Thame afirma: "Ora, no caso de a obra estar esgotada e de não haver exemplares bastantes em biblioteca públicas à disposição dos alunos que dela necessitam para fins didáticos, tem-se que não é lícito exigir dos mesmos conduta diversa da de extrair cópia integral do livro para seus estudos. Igualmente, na hipótese de o estudante necessitar da obra, não dispondo de numerário suficiente para adquiri-la, deve-se reconhecer que, ao extrair cópia integral da mesma, não estará agindo de forma culpável, justamente em decorrência da não exigibilidade de outra conduta. Impossibilitar alunos, que não têm condições de adquirir a obra, de ter acesso à mesma, em virtude de sua precária situação financeira, significa, em última análise, desrespeitar o direito de igualdade." Vale lembrar que as cópias teriam de ser únicas e feitas pelo próprio usuário para uso próprio. A tramitação do projeto ocorre em caráter conclusivo na Comissão de Educação e Cultura e na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania. Vale lembrar que os projetos que tramitam em caráter conclusivo não precisam ser votados pelo Plenário para serem aprovados - as próprias comissões designadas para analisá-los podem aprová-los. Um projeto deixa de ser conclusivo apenas se uma das comissões o rejeitar ou se, mesmo aprovado pelas comissões, houver recurso de 51 deputados (10%) para que ele seja votado em Plenário. O endereço eletrônico do deputado Antonio Carlos Mendes Thame é dep.antoniocarlosmendesthame@camara.gov.br.

"Quando desejo alguma coisa, é com paixão"

Para Teresa, a verdadeira decisão vem de dentro e por isso é indestrutível. Da mesma maneira, determinação não é apenas ter disciplina para cumprir o que quer que seja. É a construção do caminho por onde passará o desejo.(...)
Os votos - silêncio, solidão, oração soavam em sua cabeça como uma condenação. Mas nada em seu rosto traía a profunda perturbação daquele momento. "Ninguém percebeu o combate que eu travava comigo mesma. Exteriormente, eu só transmitia uma inabalável firmeza", relataria anos mais tarde.
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Teresa a Santa Apaixonada, Rosa Amanda Strausz: Objetiva.

Paixão Pagu A autobiografia precoce de Patrícia Galvão

(...)Quantas vezes já havia morrido? Quantas vezes eu renascia do meu congelamento? Olhava complacente para todos os desastres anteriores. E percebia que me humanizava. Queria abraçar meu filhinho, mostrar-lhe a terra feliz da liberdade, aquele país miraculoso das histórias que eu lhe contava. Eu mesma duvidara dessa existência exata. E agora eu estava ali, extasiada. Não tinha a menor noção do ridículo. (...) quando senti que me puxavam o casaco. Era uma garotinha de uns oito ou nove anos em andrajos. Percebi que pedia esmola. Que diferença das saudáveis crianças que eu vira na Sibéria e nas ruas de Moscou mesmo. Os pés descalços pareciam mergulhar em qualquer coisa inexistente, porque lhe faltavam pedaços de dedos. Tremia de frio, mas não chorava com seus olhos enormes. Todas as conquistas da revolução paravam naquela mãozinha trêmula estendida para mim, para a comunista que queria, antes de tudo, a salvação de todas as crianças da Terra. E eu comprava bombons no mundo da revolução vitoriosa. Os bombons que tinham inscrições de liberdade e abastança das crianças da União Soviética. Então a Revolução se fez para isso? Para que continuem a humilhação e a miséria das crianças?
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É um livro que desestrutura.

quinta-feira, maio 19, 2005

Universidades Norte-Americanas trocam livros por biblioteca virtual

ABTG - 17/5/2005

Os estudantes que freqüentarem a Universidade do Texas encontrarão algo faltando na biblioteca neste outono: Livros. Até meados de julho, disse a universidade, quase todos os 90 mil volumes da biblioteca serão dispersados em outras coleções universitárias para abrir espaço para um centro de informação eletrônica 24 horas, um fenômeno que se espalha rapidamente e que transforma a pesquisa e o estudo em campi de todo o país. "Nesta América em busca de informação, eu não conheço ninguém que preferiria construir uma biblioteca apenas para livros", disse o vice-reitor-adjunto das bibliotecas da Universidade do Texas, em Austin, Fred Heath. A nova versão dela incluirá "suítes de software" - módulos com computadores onde os estudantes poderão trabalhar colaborativamente a qualquer hora -, um centro expandido para preparação de aula e um centro para treinamento em informática, assistência técnica e reparos.

O Globo - 19/5/2005 - por Daniela Birman

Trazendo excelentes lembranças da última Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), o irlandês Colm Tóibín está de volta ao Brasil, onde participa no próximo sábado da 12ª Bienal do Livro, às 13h, no Café Literário. Nessa sua terceira visita ao Rio, o escritor também lançará o seu romance O mestre (Companhia das Letras), hoje às 19h, na Livraria da Travessa (Rua Visconde de Pirajá, 572). Indicado para o Booker Prize de 2004, o livro traça um retrato do enigmático escritor americano Henry James (1843-1916), autor do clássico A volta do parafuso.

Afinal, o tempo é mesmo elástico

Jornal do Brasil - 18/5/2005 - por Alexandre Werneck
Os grandes intervalos de tempo são a ferramenta básica de trabalho de Marcelo Gleiser. O físico e cosmólogo carioca de 44 anos se especializou em falar de fatos ocorridos milhões de anos atrás, do Big Bang ou do surgimento das estrelas, em livros como A dança do universo, de 1997, O fim da terra e do céu, de 2001, ou O livro do cientista, de 2003. Mas como, de acordo com a Teoria da Relatividade, o tempo é elástico, ele tem conseguido, desde 1997, comprimir esses milhões de anos em colunas semanais no caderno Mais!, da Folha de S.Paulo. Agora, Gleiser está lançando Micro Macro - Reflexões sobre o homem, o tempo e o espaço (Publifolha, 600 pp., R$ 54), uma compilação dessas colunas. O micro, coluna, virou macro, livro. O tempo do texto de jornal, acelerado, ganhou o das estantes, enciclopédico.

quarta-feira, maio 18, 2005

Otávio Paz

"(...) acho que o amor tornou-se uma abstração... A alma tornou-se um departamento da política. Se a nossa sociedade vai se recuperar, temos que recuperar a idéia de amor (...) essa é a coisa mais importante. Se não encontrarmos isso, a vida será um deserto."

Posted by Hello


"Então me diz qual é a graça
de já saber o fim da estrada
quando se parte rumo ao nada"
Moska

Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres

..........Muito antes de vir a nova estação já havia o prenúncio: inesperadamente uma tepidez de vento, as primeiras doçuras de ar. Impossível! Impossível que essa doçura de ar não traga outras! diz o coração se quebrando.
..........Impossível, diz em eco a mornidão ainda tão mormente e fresca da primavera. Impossível que esse ar não traga o amor do mundo! Repete o coração que parte sua secura crestada num sorriso. E nem sequer reconhece que já o trouxe, que aquilo é um amor. Esse primeiro calor ainda fresco trazia: tudo. Apenas isso, e indiviso: tudo.
..........E tudo era muito para um coração de repente enfraquecido que só suportava o menos, só podia querer o pouco aos poucos. Sentia hoje, e também mormente, uma espécie de lembrança ainda vindoura do dia de hoje. E dizer que nunca, nunca dera isso que estava sentindo a ninguém e a nada.
Dera a si mesma?
.
C
Clarice Linspector, pg. 127

terça-feira, maio 17, 2005

Dá para ter mau humor?

Boa Viagem, hoje, nascer do sol, foto minha Posted by Hello


"Cidades são feitas por pessoas. O homem construiu esses labirintos multivias para poder sobreviver coletivamente e para isso criou mais regras, algumas tácitas e nunca ditas para se preservar do outro. A paisagem urbana é arqueologia em movimento; a mudança ocorre sem parar, signos se intercalam acima da velocidade permitida e o homem vira uma mera medida de escala. É a paisagem inventada, em concreto ou em eletricidade." André Arruda

domingo, maio 15, 2005

Não-Lugar

Havia muitos por quês, mas as respostas não importavam tanto. Oscilava em camadas absolutas de verdades relativas; pêndulo movido a intensidades de afeto e autoproteção. Preencher-se é desconfortável. Perguntas - esse era o meio - para quê? A liberdade espreitava sobre o ombro. Arremessou-se com fé. Chegou justamente lá, precisamente onde.

sábado, maio 14, 2005

A Bienal Maluquinha

Posted by Hello


O Bate-papo entre Ruth Rocha, Ziraldo e Lygia Bojunga no auditório Fernando Sabino hoje à tarde, teria sido bem melhor sem a presença da despreparada mediadora Talita Rebouças. Não dá para acreditar que um evento deste porte, com nomes consagrados da literatura infanto-juvenil sujeite nossos ícones nacionais a indagações, no mínimo, inconsistentes. Ziraldo, após uma hora falando com a garganta seca, pediu a organização, através do microfone e sob risos da platéia, que providenciasse um copo d’água. Lygia mostrou sua garrafa plástica e disse que uma leitora teve a gentileza de presenteá-la. As perguntas repetitivas e tolas ainda eram interrompidas com comentários “tipo assim” “caraca!” “fofo” “demais!” Vocabulário adequado para figurar no programa daquelas duas atrizes globais – como é mesmo o nome? Deixa pra lá. Para terminar, a moça permitiu que uma ouvinte Baiana e articulada ocupasse o microfone por quinze minutos, fazendo duras críticas à Bienal, dizendo-se vítima de maus tratos com embasamento teórico de Roberto Freire. Um dos responsáveis (?) quase teve um ataque cardíaco, fez sinais desesperados, mas recebeu como resposta apenas o belo sorriso. Ziraldo se desculpou com o público, lia-se em suas feições o que nos perguntamos em momentos extremamente constrangedores: o que é que eu estou fazendo aqui?! Lamentável... enfim, vamos ao que interessa:

Trechos soltos

Ligia Bojunga :

Um grande problema é que os professores, a maioria, não são leitores apaixonados, não são nem leitores. A gente, quando está apaixonado, reflete nos gestos, no olhar, na tonalidade da voz. Esse amor é captado pelos leitores. Muitas vezes sou tomada por um desânimo devido a tanta coisa ruim que tenho visto. Mas aí acontece algo bom, como uma palestra que participei em Passo Fundo, RS com 1.200 jovens interessados em Literatura. Isso renova minhas esperanças. Passo Fundo mobiliza toda a cidade em torno do livro. É um carnaval literário.

Não escrevo direcionada para um determinado público. Tenho leitores de todas as faixas etárias. Apenas nos primeiros dois livros escrevi querendo me ligar na criança que fui. O último projeto se concretizou ontem com a chegada de todos os meus personagens – 18 livros – na minha própria editora. Não me conformava em trilhar só metade do caminho e entregar nas mãos do editor. Eu queria um livro com papel feito à mão, encadernado a mão. Comprei três livros que ensinavam a fazer papel e foi assim que tudo começou. A relação que tenho com o livro é física: apalpar, sentir o cheiro, prazer da companhia... Sempre usei livros para tudo: para aprender a ler, escrever; como calço de mesa; para enfeitar todos os cômodos da casa; para sentar em cima; tacar na cabeça do outro na hora da raiva; para nunca ter solidão. A COISA QUE MAIS ME ESPANTA É GENTE QUE CONSEGUE VIVER SEM LIVROS. *

Ruth Rocha: O esporte tem verba dez vezes maior do que a educação. É importante reverter valores educacionais; os nerds, os bons alunos precisam ser admirados, incentivados.
Trabalhei com crianças com problemas e senti uma enorme cumplicidade. Essa convivência se refletiu na minha escrita, eu queria ajudá-las de alguma forma.

Escrever para adultos é se denunciar demais, nunca quis.

Quando inventaram a bicicleta disseram que as crianças iriam parar de ler, depois foi o quadrinho, a televisão, agora é a Internet... Cada coisa que entra na vida moderna tem seu espaço. O livro é um objeto indestrutível.

Ziraldo: A Globo tem uma preocupação enorme em consolar os familiares dos homossexuais, se utiliza das novelas para essas famílias aceitarem, felizes as diferenças, não tenho nada contra. Mas ela poderia investir também no incentivo à leitura. Os escritores deveriam exigir uma maior publicidade. As editoras deveriam se cotizar e pagar um espaço na Tv diariamente, algo como: Livro - gênero de primeira necessidade.

A Internet é o paraíso da mediocridade. É uma ferramenta usada pelos imbecis. Saia da Internet, vá ler um livro. O livro é mágico, é maior do que a vida porque ele contém toda a vida. Cada passagem de página é a passagem do tempo, do espaço.

Minha lembrança mais antiga é a de desenhar. Foi a primeira linguagem. Goya, em sua época, fazia crítica social através da pintura. Achei que seria pintor. Mas... comecei a escrever. Escrever é muito mais difícil do que desenhar. Tenho fascínio pelo texto, sofro muito pela qualidade do texto. Sei quando um desenho está pronto, mas nunca quando um texto está pronto. O Otto Lara Resende nunca conseguiu fazer a segunda edição dos livros dele, porque sempre queria mudar tudo.
* o grifo é meu.

O primeiro dia a gente não esquece

.......... A grande atração – Livros! – a experimentação de todos. Diferentes formatos, cores, espessuras, temas, cheiros, tudo é pretexto e convite. Como um passe livre para o parque de diversões.
..........Borges imaginou o paraíso como uma grande biblioteca. Hoje, a festividade em torno da palavra escrita é no Riocentro.
..........Encontrei Suzana Vargas logo na entrada, comandando a Arena Jovem (Pavilhão Vermelho). Sucesso absoluto de público no bate-papo com Nelson Motta e Ezequiel Neves.
..........O Café Literário (Pavilhão Verde) está mais aconchegante nesta edição. Ivo Pitanguy foi o primeiro convidado no amigos para sempre falando sobre Fernando Sabino. Emocionou! Garantiram os que assistiram. Eu não vi, mas acredito na fonte.
..........Minha opção foi o Jirau de Poesia, novidade patrocinada pela Mastercard. Claufe Rodrigues receberá 50 poetas - todos do Rio de Janeiro - nos 11 dias do evento. Participaram da estréia Adriano Espínola, Claudia Roquette-Pinto, Francisco Bosco, Marcelo Diniz e Tanussi Cardoso. A poesia contemporânea conquista, a cada dia, sua permanência. Tanussi disse: “Nosso público é diferenciado e merece aplausos porque sai de suas casas para ouvir o silêncio; o barulho da poesia.” Adriano Espínola embalou a platéia num cântico que impelia a viagens regionais. Claudia Roquette-Pinto, já consagrada, ainda um pouco tensa na palavra falada, leu poemas do premiado livro Corola, Ateliê Editorial e privilegiou os presentes com alguns inéditos. Francisco Bosco, poeta, letrista e doutorando em Letras, sem pedir licença, trouxe a platéia intimamente para junto de si com poemas do seu belo livro Da amizade, ed.7 letras. Marcelo Diniz, poeta, letrista, doutorando em Letras conquistou risos e simpatia do público; primeiro por uma estrondosa microfonia não planejada, depois, pela declamação do poema Fezes. Entre um momento e outro, densidade, inovação em imagens, potência da palavra na leitura de Trecho, ed. Aeroplano - esgotado - e do primoroso Cosmologia, ed. 7 letras.
..........A seguir: Tom Wolfe. Curioso ver um norte-americano como principal atração, sendo a França o país homenageado da Bienal 2005. Sua chegada ao auditório Fernando Sabino (Pavilhão Azul) provocou tumulto entre os muitos fotógrafos numa sessão de quase 10 minutos com cliques ininterruptos. Momentos antes, as duas últimas fileiras de cadeiras extras haviam sido retiradas do auditório. Tentativa inútil de diminuir o constrangimento com o número irrisório de ouvintes. Ele falou, entre outras, que os jornais abordam as notícias de maneira superficial, abrindo lacunas para o interesse em seu estilo de literatura. Deu conta do recado, mas não empolgou.
..........O burburinho dos corredores, a movimentação nos estandes, seduzir-se por um título específico, estourar o limite do cartão de crédito; vale tudo nessa viagem.
..........Abracei os amigos. Dirigi ao som de Jeff Buckley. No banco do carona: Pagu, Mil e Uma Noites, Rubem Braga, Dalton Trevisan etc.
..........Na cachola um pensamento: A Arte é uma forma de presença onde até a solidão é compartilhada. Sintomaticamente lembrei de Jules Renard: “Quando penso em todos os livros que ainda posso ler, tenho a certeza de ainda ser feliz."

12/05/05
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sexta-feira, maio 13, 2005

Freud

"Palavras despertam afetos e são o meio universal de os homens influenciarem uns aos outros."

quarta-feira, maio 11, 2005

Posted by Hello


"Há um lugar para ser feliz
Além de abril em Paris
Outono, outono no Rio"

Outono no Rio - Ed Motta

A XII Bienal Internacional do Livro Rio 2005 começa amanhã...

segunda-feira, maio 09, 2005

Terra do Nunca

atravessar janelas, lançar-se ao precipício; para sempre dura um minuto e meio, fôlego de água - dança líquida, gota de, vapor a cada Pôr-de-olhos Abraço-cílios Olhar-poros; contornos dissolvidos em pupilas Inspiração-papilas Peter e Pan

Oca

foto: http://www.corpospintados.com.br Posted by Hello


Por: Gabriela Sampaio

Em 1981 o fotógrafo chileno Roberto Edwards decidiu realizar um ambicioso projeto que explorasse as diversidades do corpo humano. Reuniu artistas conterrâneos, que aplicavam suas obras sobre corpos nus, e os fotografou. O material originou o livro e a exposição Corpos Pintados: 45 artistas chilenos, que passou por 32 museus na América e Europa, entre 1992 e 2000, e foi visto por 1,5 milhão de pessoas.
O tempo passou e as aspirações de Edwards também cresceram. Com sua turnê pelo exterior, o fotógrafo decidiu acrescentar a seu acervo obras de artistas internacionais e transformar a exposição numa fantástica excursão multimídia pela mais perfeita máquina que conhecemos, o corpo humano.
É assim que, quatorze anos depois de seus primeiros passos, chega ao Brasil a mostra Corpos Pintados, que fica em cartaz na Oca de 4 de maio até 3 de julho. São contribuições inéditas de mais de 150 artistas - entre fotógrafos, artistas plásticos, escritores e músicos - dentre eles, os brasileiros Arcângelo Ianelli, Wesley Duke Lee, Luiz Allegretti, Ester Grinspum e Paulo Pasta.
O principal módulo da exposição reúne as 221 ampliações fotográficas (2,5m x 3m) das criações assinadas por cerca de 60 fotógrafos e artistas plásticos.
Este caráter documental é complementado pelo show multimídia Diaporama, que exibe outros 1,5 mil registros dos trabalhos, sincronizadas por 31 projetores de slides em telões de grandes dimensões.
A exposição também guarda um setor especialmente reservado para imagens de pinturas e adorno corporal de culturas dos quatro cantos do mundo, além de intervenções radicais (de tatuagens a cirurgias de troca de sexo) e mudanças naturais de nossa "máquina".
Documentários mostram tais acontecimentos em movimento, enquanto uma curiosa trilha sonora criada a partir de sons do corpo humano encanta ouvidos curiosos. Completam a mostra, esculturas hiper-realistas de personagens emblemáticos, em tamanho natural, e eventos ao vivo, como apresentações de dança, música e pintura.
Corpos Pintados
OCA Parque do Ibirapuera, Portão 03
Tel: (11) 6846-6000
Horários: de terça a domingo, das 10h às 22h.

sábado, maio 07, 2005

Essas coisas mínimas entre mães e filhos

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Mas no meio de tudo isso,

fora disso, através disso

apesar disso tudo - há o amor.

Ele é como a lua,

resiste a todos os sonetos

e abençoa a todos os pântanos.

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Rubem Braga

Posted by Hello




Tudo se desfaz
tudo é refeito
tudo morre, tudo refloresce
tudo se separa, tudo volta a se encontrar

o meio está em toda parte

curvo é o caminho da eternidade

torna-te quem tu és.

Nietzche

Urgências

O sino da igreja toca três badaladas. Teresa ergue seus olhos, interrompendo a viagem na máquina de escrever. Vidros embaçados pela chuva encobrem a Amendoeira sem folhas, sem fotossíntese. Caixas abarrotadas, empilhadas no canto da sala lembram coisas por fazer; no papel amarelado e cheirando a mofo da etiqueta: PRIORIDADE MÁXIMA.
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quinta-feira, maio 05, 2005

"Há mais coisas entre o céu e a terra..."

foto: anéis de Saturno - Hubble Posted by Hello


Descobertas mais 12 luas ao redor de Saturno. Até agora são ... 46!!! Os cientistas comprovaram que os corpos celestes foram capturados pela gravidade de outros maiores, são pequenos - entre três e sete quilômetros de diâmetro - e levam cerca de dois anos para completar a órbita ao redor de Saturno. O mistério ainda é: Como foram capturados por Saturno?

"Façam o que eu digo, mas..."

" Bento XVI pede que fiéis rejeitem tentações do poder e da riqueza." O Globo, hoje.

Vindo de quem vem, este pedido soa como uma grande ironia.

Sintonia Rara

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05/05/05
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domingo, maio 01, 2005

O Jogo da Amarelinha

Sim, mas quem nos curará do fogo surdo, do fogo sem cor que corre ao anoitecer, pela rue de la Huchette, saindo dos portais carcomidos, dos pequenos vestíbulos, do fogo sem imagem que lambe as pedras e ataca os vãos das portas, como faremos para nos lavar da sua queimadura doce que persiste, que insiste em durar, aliada ao tempo e à recordação, às substâncias pegajosas que nos retêm deste lado, e que nos queimará docemente até calcinar?
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Julio Cortázar, pg. 442: Civilização Brasileira